O artigo “Translating the Developmental Origins of Health and Disease concept to improve the nutritional environment for our next generations: a call for a reflexive, positive, multi-level approach”, de McKerracher et al. (2018), apresenta uma abordagem inovadora para a disseminação do conceito de Origens do Desenvolvimento da Saúde e Doença (DOHaD) junto à sociedade. A premissa central do estudo é a de que a exposição a fatores ambientais no início da vida influencia significativamente os riscos de doenças não transmissíveis (DNTs) na vida adulta. Dessa forma, uma maior compreensão desse conceito pode auxiliar na formulação de políticas públicas e na adoção de práticas individuais mais saudáveis.
A pesquisa conduzida pelos autores buscou entender como o conhecimento sobre o DOHaD tem sido transmitido ao público, identificando iniciativas de Tradução do Conhecimento (Knowledge Translation – KT) já existentes e seus desafios. Para isso, realizaram uma revisão de literatura sobre programas que visam disseminar informações relacionadas ao conceito DOHaD para diferentes segmentos da população, como estudantes, trabalhadores da saúde e futuros pais.
Os achados do estudo revelam que iniciativas de KT já foram implementadas em nove países, concentrando-se principalmente em adolescentes e profissionais da saúde. No entanto, programas que alcancem futuros pais ainda são escassos. Outro ponto relevante identificado é que, embora os programas analisados demonstrem impactos positivos, há uma preocupação com a sobrecarga de responsabilidade sobre as mães, ignorando o papel de outros atores sociais e institucionais na promoção de um ambiente de desenvolvimento saudável.
O conceito de DOHaD tem um grande potencial para influenciar positivamente a saúde populacional ao longo das gerações, desde que seja abordado de maneira inclusiva e equilibrada. A culpabilização excessiva das mães pode gerar estresse e ansiedade, além de alienar outros agentes importantes, como pais, avós e formuladores de políticas públicas. Nesse sentido, os autores sugerem uma abordagem reflexiva e de apoio, que enfatize a solidariedade e envolva um espectro mais amplo da sociedade na disseminação e aplicação do conhecimento DOHaD.
Dessa forma, o estudo destaca a necessidade de ampliar os esforços de KT para atingir um público maior e mais diversificado, garantindo que o conhecimento seja traduzido de maneira acessível e sem reforçar desigualdades estruturais. O DOHaD pode ser um poderoso instrumento de mudança social, desde que não seja tratado apenas como uma responsabilidade individual, mas sim como um compromisso coletivo.
Referência:
McKerracher, L., Moffat, T., Barker, M., Williams, D., & Sloboda, D. M. (2018). Translating the Developmental Origins of Health and Disease concept to improve the nutritional environment for our next generations: a call for a reflexive, positive, multi-level approach. Journal of Developmental Origins of Health and Disease, 1-9. https://doi.org/10.1017/S2040174418001034
Artigo de Opinião: A Tradução do Conceito de Origens do Desenvolvimento da Saúde e Doença (DOHaD) para a Melhoria do Ambiente Nutricional das Futuras Gerações
A premissa central do estudo é a de que a exposição a fatores ambientais no início da vida influencia significativamente os riscos de doenças não transmissíveis (DNTs) na vida adulta.
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