Início ColunaNeurociências Neurociências Clínicas e Medicina da Adição: Disfunções das Leis Naturais como Origem dos Transtornos

Neurociências Clínicas e Medicina da Adição: Disfunções das Leis Naturais como Origem dos Transtornos

Neste contexto, o conceito de "determinismo neuroprimário" sugere que um conjunto de disfunções neuropsicológicas comuns (CNDs) emerge da interação entre ambiente familiar disfuncional, fatores epigenéticos e alterações nos circuitos de recompensa e autocontrole.

por Redação CPAH

Introdução

A medicina da adição tem sido redefinida pelo avanço da neurociência clínica, proporcionando uma abordagem mais precisa para compreender e tratar os transtornos por uso de substâncias (SUDs). Evidências recentes indicam que experiências adversas na infância e traumas psicossociais são fatores predisponentes para alterações neurobiológicas e vulnerabilidades psiquiátricas associadas à dependência. Neste contexto, o conceito de “determinismo neuroprimário” sugere que um conjunto de disfunções neuropsicológicas comuns (CNDs) emerge da interação entre ambiente familiar disfuncional, fatores epigenéticos e alterações nos circuitos de recompensa e autocontrole.

Métodos

Foi conduzido um estudo observacional descritivo e etnográfico, associado a uma revisão extensa da literatura sobre neurobiologia comportamental em humanos e modelos animais. Dados foram extraídos de bases de dados indexadas (PubMed e Web of Science) e analisados por ressonância magnética funcional (fMRI), permitindo a identificação de padrões neurais específicos correlacionados com alterações comportamentais e transtornos aditivos.

Resultados e Discussão

Os achados apontam para a existência de um “microestruturalismo de sobrevivência emocional”, caracterizado por alterações funcionais em redes neurais relacionadas à regulação emocional e processamento de memórias traumáticas. Os CNDs incluem disfunções da sincronia familiar, ajustamento límbico-amigdalar inadequado, alterações imuno-hormonais, disfunções do sistema de recompensa e homeostase dopaminérgica. A neurodissociação adaptativa da consciência também foi observada, contribuindo para padrões de comportamento compulsivo e refratariedade ao tratamento.

A teoria dos engramas sugere que experiências adversas são codificadas em circuitos neurais persistentes, modulando a resposta ao estresse e aumentando a probabilidade de desenvolver estratégias disfuncionais de enfrentamento. O processamento de memórias e a regulação emocional são prejudicados por uma conectividade anormal entre hipocampo, córtex pré-frontal medial (mPFC) e sistema límbico. Ademais, evidências sugerem que alterações na neurodinâmica de interações familiares podem predispor indivíduos à adoção de padrões mal-adaptativos de enfrentamento, reforçando comportamentos compulsivos.

Conclusão

A reorganização da neurobiologia clínica sob uma perspectiva de medicina de precisão permite avançar na compreensão dos transtornos aditivos, propondo novos modelos diagnósticos e abordagens terapêuticas mais eficazes. A exploração do determinismo neuroprimário e das interações entre fatores ambientais, genéticos e neurobiológicos pode contribuir para estratégias de intervenção baseadas em evidências, reduzindo a incidência de recaídas e melhorando os desfechos clínicos em medicina da adição.

Referência:

Kampman & Jarvis (2015), Murthy et al. (2023), Gastaldi et al. (2021), Ptak & Schnider (2011), Cui et al. (2022).

Alguns destaques

Deixe um comentário

20 − 7 =

Translate »