Início ColunaNeurologia Música: A Alma em Notas — A Linguagem das Emoções Humanas

Música: A Alma em Notas — A Linguagem das Emoções Humanas

Quando ouvimos uma melodia que se conecta com nossas experiências, podemos sentir emoções profundas como alegria, tristeza, melancolia, reflexão ou euforia.

por Adriel Pereira da Silva

A relação entre música e emoção é complexa e revela o poder especial que a música tem de tocar as pessoas. Quando ouvimos uma melodia que se conecta com nossas experiências, podemos sentir emoções profundas como alegria, tristeza, melancolia, reflexão ou euforia. Do ponto de vista neurológico e psicológico existem motivos para isso acontecer.

Perspectiva Neurológica

Ativação do Cérebro: A música consegue ativar diferentes áreas do cérebro. A música clássica, por exemplo, pode estimular a área associada ao prazer, núcleo accumbens (NAc) e à recompensa, liberando dopamina, neurotransmissor associado ao prazer. A liberação de dopamina durante a audição de música, especialmente a clássica, pode induzir estados de relaxamento e felicidade1.

Processamento Emocional: A música é processada em regiões do cérebro ligadas à emoção, como a amígdala e o córtex pré-frontal. A complexidade harmônica de algumas músicas, como a música clássica muitas vezes evoca emoções profundas, gerando uma resposta emocional intensa2 naqueles que a apreciam.

Memória e Associações: Sons específicos e músicas conhecidas podem evocar memórias e associações passadas, ativando a memória autobiográfica e ligando emoções a experiências anteriores3, contudo, músicas desconhecidas também podem desencadear essa ativação.

Perspectiva Psicológica

Identidade e Conexão: A música frequentemente se torna parte da identidade de uma pessoa e reflete suas experiências de vida. Isso faz com que a experiência de ouvir uma sinfonia ou uma peça de piano, seja única e profunda4.

Cultura e Contexto: O contexto cultural e social influencia a percepção da música. O que pode ser tocante para uma pessoa pode não ter o mesmo efeito em outra, dependendo das experiências culturais e sociais. A música clássica, por exemplo, pode ressoar mais em culturas com uma forte tradição nesse gênero5.

Relaxamento e Alívio do Estresse: A música promove o relaxamento e a redução do estresse, ajudando as pessoas a se sentirem mais calmas e nesse contexto, ela pode ser uma ferramenta terapêutica eficaz, contribuindo para o bem-estar emocional da pessoa6.

A música, especialmente gêneros como a sinfonia e o piano clássico amplamente utilizado em música erudita, tocam as pessoas de maneiras distintas devido a fatores neurológicos e psicológicos, como o processamento emocional, a liberação de dopamina e as associações de memória. Essa experiência musical é profundamente subjetiva e entrelaçada com as vivências pessoais, culturais e sociais de cada pessoa, mostrando que a música é uma parte essencial da vida humana. Embora a música promova um processamento emocional positivo, algumas pessoas não experimentarão o mesmo nível de aprimoramento emocional, enfatizando assim a natureza pessoal da experiência musical e os impactos emocionais que ela provoca.

1 – Salimpoor, V. N., et al. (2011). Anatomically distinct dopamine release during anticipation and experiencing of peak emotion to music. Nature Neuroscience, 14(2), 257-262.

2 – Blood, A. J., & Zatorre, R. J. (2001). Intensely pleasurable responses to music correlate with activity in brain regions implicated in reward and emotion. Proceedings of the National Academy of Sciences, 98(20), 11818-11823.

3 – Janata, P. (2009). The neural architecture of musical memory. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 33(2), 265-273.

4 – Hanna-Pladdy, B., et al. (2011). The effects of musical training on communication and social interaction. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 35(3), 542-554.

5- North, A. C., & Hargreaves, D. J. (2008). The social and applied psychology of music. Academic Press.

6 – Thoma, M. V., et al. (2013). The impact of a musical intervention on psychological stress and the quality of life of patients with a chronic illness. Journal of Music Therapy, 50(3), 329-347.

Alguns destaques

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