A inteligência humana tem sido frequentemente associada a características estruturais e funcionais do cérebro. Dois estudos recentes exploram como alterações na espessura e área cortical, bem como a eficiência nodal de regiões específicas do cérebro, estão relacionadas à inteligência. Este artigo objetiva sintetizar as descobertas principais e os tamanhos das amostras destes estudos para esclarecer suas contribuições à neurociência cognitiva.
Estudo 1: Alterações na Espessura e Área Cortical
O estudo de Schnack et al. (2015) investigou as relações entre o quociente de inteligência (QI) e mudanças na espessura e na área cortical ao longo do desenvolvimento. Com uma amostra de 504 indivíduos saudáveis, os autores descobriram que crianças mais inteligentes aos 10 anos apresentam córtices levemente mais finos, mas que esta relação se inverte em adultos jovens, onde um córtex mais espesso é associado a maior inteligência. Além disso, a área cortical em crianças mais inteligentes mostrou-se maior, alcançando o pico mais cedo durante a adolescência. Estes resultados sugerem que a inteligência está mais relacionada à magnitude e ao tempo das mudanças no desenvolvimento cerebral do que a características fixas da estrutura cortical.
Estudo 2: Eficiência Nodal em Regiões-Chave da Rede de Saliência
Hilger et al. (2017) examinaram a eficiência nodal de regiões-chave da rede de saliência, como a ínsula anterior direita e o córtex cingulado anterior dorsal, em relação ao QI. Utilizando uma amostra de 54 adultos saudáveis, o estudo demonstrou que maior inteligência está associada à maior eficiência nodal nestas áreas, que desempenham papéis cruciais na filtragem de informações irrelevantes e no processamento de saliência. O estudo também encontrou uma associação inversa entre o QI e a eficiência nodal na junção temporo-parietal esquerda, possivelmente devido ao papel desta região na distração por informações não essenciais.
Conclusão
Esses estudos destacam como diferentes características estruturais e funcionais do cérebro se relacionam à inteligência humana. Enquanto o estudo de Schnack et al. (2015) enfatiza a dinâmica do desenvolvimento cortical, Hilger et al. (2017) foca na eficiência funcional de regiões específicas da rede cerebral. Juntos, eles fornecem uma visão abrangente das complexas relações entre estrutura e função cerebral e habilidades cognitivas.
Referências
• Schnack, H. G., van Haren, N. E. M., Brouwer, R. M., Evans, A. C., Durston, S., Boomsma, D., Kahn, R. S., & Hulshoff Pol, H. E. (2015). Changes in Thickness and Surface Area of the Human Cortex and Their Relationship with Intelligence. Cerebral Cortex, 25(6), 1608–1617. https://doi.org/10.1093/cercor/bht357
• Hilger, K., Ekman, M., Fiebach, C., & Basten, U. (2017). Efficient hubs in the intelligent brain: Nodal efficiency of hub regions in the salience network is associated with general intelligence. Intelligence, 60, 10–25. https://doi.org/10.1016/j.intell.2016.11.001