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Percepções de Termos Relacionados ao Autismo no Contexto da Língua Chinesa

Apesar do aumento das discussões sobre terminologias relacionadas ao autismo em línguas ocidentais, estudos que explorem essas percepções no contexto linguístico chinês ainda são escassos.

por Redação CPAH

Introdução:

A linguagem desempenha um papel central na formação de identidades sociais e na compreensão de condições médicas como o autismo. Apesar do aumento das discussões sobre terminologias relacionadas ao autismo em línguas ocidentais, estudos que explorem essas percepções no contexto linguístico chinês ainda são escassos. Este estudo investiga as preferências, familiaridade e percepções de ofensividade associadas a termos relacionados ao autismo, considerando as especificidades culturais e linguísticas chinesas.

Métodos:

Entre 23 de junho e 29 de julho de 2023, foi conduzida uma pesquisa online com 1.016 participantes chineses, abrangendo indivíduos autistas, pais de crianças autistas, especialistas em autismo e o público geral. A amostra foi obtida por conveniência, utilizando convites em mídias sociais e organizações de apoio. Os participantes avaliaram 13 termos em uma escala Likert de 7 pontos quanto à preferência, familiaridade e percepção de ofensividade. A análise incluiu modelos de variância (ANOVA) e análise de clusters para identificar padrões subjacentes nas atitudes.

Resultados:

Os termos mais preferidos entre os indivíduos autistas foram “Neurodiversidade” (神经多样性), “Espectro” (谱系) e “Transtorno do Espectro do Autismo 1” (孤独症谱系障碍), que também foram considerados os menos ofensivos. Em contraste, “Criança fechada” (闭娃) e “Função alta/baixa” (高/低功能) foram amplamente vistos como termos desfavoráveis e ofensivos. A análise de clusters revelou seis padrões distintos de atitudes, com variações significativas entre os diferentes grupos de identidade.

Discussão:

Os resultados evidenciam divergências significativas entre indivíduos autistas e outros grupos em relação às preferências por terminologias. Indivíduos autistas favorecem termos que refletem diversidade e identidade, rejeitando expressões estigmatizantes ou patologizantes. Por outro lado, pais e especialistas tendem a preferir terminologias formais ou amplamente usadas, como “Asperger” e “Transtorno do Espectro do Autismo 2” (自闭症). É notável que a “Neurodiversidade” ainda seja pouco conhecida entre os pais, apesar de sua alta aceitação entre indivíduos autistas.

Conclusões:

Este estudo expande a discussão global sobre terminologias relacionadas ao autismo para o contexto chinês, destacando as influências de identidades sociais e culturais. As descobertas sugerem a necessidade de uma maior conscientização sobre a neurodiversidade e o respeito às preferências dos indivíduos autistas na escolha de termos. Os achados também reforçam a importância de considerar perspectivas locais e culturais em debates globais sobre autismo.

Referência:

Lao, U., et al. (2024). Unveiling the Perceptions of Autism-Related Chinese Language Among the Autism Community and the General Public. Autism in Adulthood. DOI: 10.1089/aut.2024.0001.

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