Era uma vez um menino chamado Nicolau, corajoso e esperto, que vivia num vilarejo rodeado por montanhas geladas, onde a neve caía como se o céu estivesse embrulhando o mundo num cobertor branco e fofinho.
Nicolau adorava explorar a floresta que ficava perto de casa. Ele corria com suas botinhas pela neve, deixando pegadas que pareciam caminhos mágicos. Só que, ultimamente, Nicolau estava diferente. Ele sentia o coração apertado, como se uma nuvem de gelo morasse dentro dele.
O motivo? O seu irmãozinho bebê tinha chegado há pouco tempo. Tão pequeno, tão quieto… e todo mundo só falava dele. Era o tempo todo: “O bebê isso”, “o bebê aquilo”. E Nicolau pensava:
“Mas e eu? Eu também sou importante!”
Um dia, enquanto andava sozinho pela floresta, Nicolau encontrou uma raposa branca, que o olhou com olhos brilhantes e falou — sim, ela falou!
— “Por que sua neve está derretendo por dentro, pequeno Nicolau?”
Ele se assustou, mas respondeu com sinceridade:
— “Porque tenho um irmãozinho que todo mundo ama, e parece que esqueceram de mim…”
A raposa sorriu com doçura.
— “Ah… o frio que você sente se chama ciúmes. É como gelo no coração. Mas existe uma maneira de derretê-lo de um jeito bom…”
— “Como?”
A raposa então chamou Nicolau para segui-la até o Coração da Floresta, um lugar secreto onde caía uma neve dourada, feita de lembranças felizes.
— “Aqui, você verá o que muitos esquecem…” — disse a raposa.
E, num espelho mágico de gelo, Nicolau viu quando era bebê e seus pais cuidavam dele com o mesmo carinho, o mesmo brilho nos olhos. Viu também que o irmãozinho era tão pequenino que ainda nem sabia sorrir direito, nem brincar. Ele só sabia pedir ajuda chorando.
— “Ele ainda precisa aprender tudo… E adivinha quem vai ser o herói que vai ensinar?” — perguntou a raposa.
Nicolau ficou quieto. Um pouco surpreso.
— “Eu?”
— “Sim. Só um irmão mais velho pode ensinar as coisas mais importantes da vida: como pular na neve, como comer chocolate escondido, como dar nomes aos bonecos de neve, como fazer barulho com folhas secas…”
A raposa se aproximou e sussurrou:
— “E quando ele crescer, adivinha com quem ele vai querer brincar todos os dias?”
Nicolau sorriu pela primeira vez naquele dia. Um sorriso quentinho, que derreteu a nuvem gelada dentro dele.
Voltou para casa correndo, com o coração leve. Quando entrou, viu o irmãozinho dormindo. Aproximou-se devagar e tocou na mãozinha dele.
— “Oi, pequeno boneco de neve… Eu sou o Nicolau. Teu irmão mais incrível.”
E naquele instante, sem mágica, o bebê sorriu pela primeira vez.
“Nicolau e o Segredo da Floresta de Neve”
Nicolau adorava explorar a floresta que ficava perto de casa. Ele corria com suas botinhas pela neve, deixando pegadas que pareciam caminhos mágicos.
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