TDAH vs Superdotação

A superdotação e o TDAH são vistos de formas bem diferentes, com exceção da impressão errada de que algumas pessoas com TDAH seriam mais inteligentes por terem um pensamento mais acelerado.

por

Pesquisador(a):  

Dr Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

Sobre o autor do estudo: Dr. Fabiano de Abreu Agrela é Pós PhD em Neurociências e biólogo membro das principais sociedades científicas como SFN – Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Sigma XI, sociedade científica onde os membros precisam ser convidados e que conta com mais de 200 prémios Nobel e a RSB – Royal Society of Biology, maior sociedade de biologia sediada no Reino Unido. É membro de 10 sociedades de alto QI, entre elas a Mensa, Intertel, ISPE, Triple Nine Society, coordenador Intertel Brazil, diretor internacional da IIS Society e presidente da ISI e ePiq society, todas sociedades restritas para pessoas com alto QI comprovados em testes supervisionados. Criou o primeiro relatório genético que estima a pontuação de QI através de teste de DNA e o projeto GIP – Genetic Intelligence Project com estudos genéticos e psicológicos sobre alto QI com voluntários. Autor de mais de 50 estudos sobre inteligência, foi voluntário em testes de QI supervisionados, testes genéticos de inteligência e estudo de neuroimagem já que atingiu a pontuação máxima em mais de um teste de QI em mais de um país corroborando com os demais resultados genéticos e de neuroimagem.

Similaridades e diferenças

A superdotação e o TDAH são vistos de formas bem diferentes, com exceção da impressão errada de que algumas pessoas com TDAH seriam mais inteligentes por terem um pensamento mais acelerado. No entanto, o TDAH é caracterizado por alguns desafios como desatenção, hiperatividade/impulsividade e funcionamento executivo que impedem a aprendizagem, já a superdotação é caracterizada por inteligência acima da média.

A Superdotação e o TDAH compartilham várias características, o que pode dificultar a sua distinção em diagnósticos. É possível que pessoas superdotadas apresentem traços de TDAH, podendo ocorrer através de predisposição genética ou comportamentos relacionados à estrutura cerebral.

Tanto o TDAH como a superdotação podem se manifestar de formas diferentes nas pessoas, nem todas as pessoas com TDAH têm as mesmas experiências ou sintomas. Da mesma forma, nem todas as pessoas com superdotação partilham o mesmo conjunto de características.

O que é TDAH?

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma condição caracterizada por hiperatividade, impulsividade e desorganização. Os sintomas do TDAH estão, geralmente, presentes na primeira infância, mas continuam impactando uma pessoa até a idade adulta. O transtorno é considerado uma condição neurodivergente e a presença de sintomas varia de pessoa para pessoa.

Os sintomas comuns do TDAH incluem:

•   Facilmente distraído;

•   Agitação;

•   Dificuldades de foco;

•   Esquecimento;

•   Cegueira do tempo.

O cérebro de uma pessoa com TDAH

Estudos com o cérebro de pessoas com TDAH mostram diferenças de volume, forma, circuito e atividade neural em comparação com cérebros sem TDAH. Há disfunção no sistema nervoso autônomo (SNA), um componente da excitação, em indivíduos com TDAH, mais frequentemente na direção da hipo-excitação do que hiper-excitação, particularmente em repouso e durante tarefas que exigem regulação de resposta e atenção sustentada. 

Ligações entre excitação e cognição são governadas por interações entre sistema nervoso central (SNC) e ANS. O locus coeruleus (LC) na região do tronco cerebral recebe sinais autônomos através do núcleo tractus solitarius (NTS) e tem conexões recíprocas generalizadas com regiões do córtex pré-frontal (PFC) (incluindo córtex cingulado anterior (ACC), córtex orbitofrontal (OFC) e córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC)), ínsula, hipotálamo e amígdala. 

O LC é a única fonte de norepinefrina (NE) no córtex e a disponibilidade de NE nessas regiões influencia uma variedade de funções cognitivas, incluindo percepção, memória, memória de trabalho, atenção sustentada e troca de tarefas modulando a disponibilidade de dopamina (DA) e glutamato em locais relevantes para a tarefa.

O que é Superdotação?

A superdotação  é uma condição que pode ser identificada através de testes de QI supervisionados ou testes genéticos de pessoas com pontuação acima de 130 pontos que demonstram uma habilidade ou potencial avançado em uma ou mais áreas específicas quando comparadas a outras da mesma idade, experiência ou ambiente.  Esses indivíduos se destacam em sua capacidade de pensar, raciocinar e julgar. 

Superdotados compartilham características e traços talentosos comuns, como:

•   Pensamento avançado e compreensão acima de seus pares de idade;

•   Intensidade emocional em tenra idade;

•   Maior senso de autoconsciência;

•   Curiosidade altamente desenvolvida;

•   Excelente memória.

TDAH e superdotação: É possível ter os dois?

O TDAH e a superdotação podem carregar fortes similaridades, o que pode gerar erros no diagnóstico de pessoas superdotadas, fazendo-as ser diagnosticadas erroneamente como com TDAH.  A Superdotação pode “mascarar” o TDAH, assim como o contrário, devido aos seus sintomas, que dificultam a observação sobre o comportamento. 

Um estudo constatou que uma média de 8,8% das crianças com TDAH são Superdotadas e um outro estudo constatou que 18% das crianças Superdotadas tinham TDAH, há menções de até 50% dos casos em outros estudos. Ou seja, uma minoria das pessoas com TDAH tem Superdotação, já um quinto das pessoas com Superdotação tem TDAH podendo ser este número ainda maior.

Também já foi mencionado uma possível relação de indivíduos portadores de genótipo propício a maior inteligência fluída sofrerem interferências em fatores ambientais ou no neurodesenvolvimento mantendo assim o alto QI e déficits cognitivos como casos de TDAH, autismo, entre outros. 

Distração vs Déficit de Atenção

Pessoas com superdotação têm uma maior intensidade emocional, logo, quando o assunto não interessa, ela não recebe estímulo suficiente, o que aumenta a frequência e a probabilidade de se distrair, ter dificuldade de concentração e ter dificuldade em concluir tarefas. 

Pensamento acelerados vs Velocidade de Processamento

A confusão sobre TDAH e alta inteligência também ocorre pelo pensamento acelerado que se confunde com velocidade de processamento. Os pensamentos acelerados no TDAH são causados por distratibilidade dificultando a concentração numa tarefa ou tema de cada vez. Pensamentos de corrida ocorrem quando a mente de uma pessoa é preenchida com um fluxo constante de pensamentos em movimento rápido causado pela hiperatividade. 

As pessoas com TDAH “lutam” para organizar os pensamentos acelerados dificultando a conclusão de tarefas e o foco em responsabilidades. Pessoas superdotadas podem processar informações lentamente ou de forma acelerada dependendo do indivíduo e suas nuances cognitivas. 

O tempo sempre foi determinante no cotidiano do superdotado, sendo este um empecilho para se concluir todas as tarefas que o cérebro tem capacidade de exercer em um determinado período. Ter que expressar toda a imensidão de raciocínio em um curto período pode revelar um comportamento com raciocínio acelerado, podendo até mesmo cortar palavras e pensamentos menos úteis para chegar logo a um denominador acreditando que entenderão o raciocínio. Esta aceleração pode ser confundida com o comportamento de pessoas com TDAH, mas não é a mesma coisa.

Fluxo rápido de pensamentos em pessoas com TDAH vs em pessoas de alto QI

Em geral, pessoas de alto QI têm capacidade de processar informações de forma rápida e eficiente, tendo pensamento mais ágil. O pensamento acelerado em pessoas de alto QI é frequentemente controlado e direcionado, enquanto no TDAH pode ser mais desorganizado e interferir na atenção e no foco. 

O pensamento acelerado de pessoas com alto QI está associado com a capacidade cognitiva eficiente e rápida, assim como fatores que causam acúmulos de informações, como tempo, meta-pensamentos e tipos de memórias eficientes, enquanto pessoas com TDAH é devido a dificuldade em se concentrar, impulsividade e inquietação causando acúmulo de tarefas ou pensamentos ainda não concluídos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Alguns destaques

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