Início ColunaNeurociências A Dualidade do Perfeccionismo: Superdotados vs Pessoas com Déficits Cognitivos

A Dualidade do Perfeccionismo: Superdotados vs Pessoas com Déficits Cognitivos

Apesar de origens e motivações distintas, esse comportamento encontra justificativa em fatores biológicos, psicológicos e sociais. Aqui, comparamos as razões e correlatos neurobiológicos do perfeccionismo em ambos os perfis.

por Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

O perfeccionismo é um traço frequentemente associado a diferentes perfis cognitivos, manifestando-se tanto em indivíduos superdotados quanto naqueles com déficits cognitivos. Apesar de origens e motivações distintas, esse comportamento encontra justificativa em fatores biológicos, psicológicos e sociais. Aqui, comparamos as razões e correlatos neurobiológicos do perfeccionismo em ambos os perfis.

Superdotados e o Perfeccionismo

Razões Psicológicas:
1. Alta Autoexigência: Superdotados tendem a estabelecer padrões elevados para si mesmos devido à consciência de suas capacidades.
2. Busca por Excelência: A facilidade em atingir metas complexas desde cedo cria um ciclo de pressão para evitar erros.
3. Ansiedade de Desempenho: O reconhecimento constante pode levar ao medo de decepcionar os outros ou a si mesmos.

Regiões do Cérebro Envolvidas:
• Córtex Pré-Frontal Dorsolateral: Essencial para planejamento e regulação de objetivos, frequentemente hiperativo em superdotados.
• Córtex Cingulado Anterior (CCA): Associado à detecção de erros e autoavaliação. Em superdotados, a hiperatividade dessa região pode intensificar a autoconsciência e o perfeccionismo.
• Hipocampo: A memória superior em superdotados reforça a comparação constante com padrões passados, aumentando a autocrítica.

Pessoas com Déficits Cognitivos e o Perfeccionismo

Razões Psicológicas:
1. Busca por Aceitação: O perfeccionismo pode surgir como um mecanismo compensatório para superar limitações percebidas e conquistar validação social.
2. Rigidez Cognitiva: Condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) podem levar à fixação em padrões e repetição de tarefas até atingir a “perfeição”.
3. Medo de Erros: Experiências anteriores de falhas podem criar uma ansiedade exacerbada, levando à tentativa de evitar erros a qualquer custo.

Regiões do Cérebro Envolvidas:
• Córtex Pré-Frontal Ventromedial: Relacionado ao controle emocional e flexibilidade cognitiva, pode estar hipoativo em déficits cognitivos, levando a uma maior dificuldade em lidar com falhas.
• Córtex Cingulado Anterior: Assim como nos superdotados, desempenha um papel na detecção de erros, mas pode funcionar de maneira ineficiente, exacerbando a necessidade de controle.
• Amígdala: A hiperatividade dessa região pode gerar ansiedade social e um comportamento perfeccionista como forma de aliviar inseguranças.

Conclusão

Embora o perfeccionismo seja comum a ambos os perfis, as razões e os mecanismos cerebrais diferem significativamente. Superdotados exibem perfeccionismo como consequência de uma hiperatividade cerebral em regiões ligadas ao planejamento, memória e autoavaliação. Em contraste, indivíduos com déficits cognitivos frequentemente manifestam perfeccionismo como resultado de disfunções emocionais e compensatórias, relacionadas à insegurança e ansiedade. Ambas as manifestações destacam a complexidade do comportamento humano e como a interação entre fatores cognitivos e emocionais pode moldar a personalidade.

Alguns destaques

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