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Práticas integrativas e complementares para a saúde da mulher

No Brasil, as PICs estão presentes em 54% dos Municípios brasileiros, com mais de 29 práticas descritas no Portal do Ministério da Saúde.

Introdução

As Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICs) são abordagens terapêuticas que visam prevenir agravos à saúde, promover e recuperar a saúde, enfatizando a escuta acolhedora, a construção de laços terapêuticos e a conexão entre ser humano, meio ambiente e sociedade. No Brasil, as PICs estão presentes em 54% dos Municípios brasileiros, com mais de 29 práticas descritas no Portal do Ministério da Saúde.

Sabe-se que a saúde da mulher é fundamental para o desenvolvimento social e econômico do país. As mulheres representam mais da metade da população brasileira e são responsáveis por importantes funções na família e na sociedade. No entanto, elas ainda enfrentam diversos desafios relacionados à saúde, como doenças crônicas, distúrbios menstruais, problemas reprodutivos e violência.

Neste sentido, as PICs se apresentam como uma ferramenta importante para promover a saúde da mulher, oferecendo alternativas seguras e eficazes para o tratamento de diversos problemas de saúde. Além disso, as PICs podem contribuir para a promoção do bem-estar físico, mental e emocional das mulheres, o que pode ter um impacto positivo na qualidade de vida delas.

O Ministério da Saúde define as PICs como abordagens terapêuticas que visam à promoção da saúde e à prevenção de agravos, com ênfase na escuta acolhedora, na construção de vínculos terapêuticos e na valorização dos saberes populares e tradicionais. Atualmente, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece mais de 29 PICs, incluindo acupuntura, fitoterapia, meditação e yoga. Cada prática possui características e benefícios específicos, podendo ser utilizadas para tratar diversas condições de saúde.

Aplicações das PICs na Saúde da Mulher

Para fins de recorte, neste artigo, explora-se as aplicações de quatro PICs com grande relevância para a saúde da mulher: fitoterapia, acupuntura, meditação e yoga. Através de uma análise crítica e embasada em evidências científicas, apresentaremos os benefícios e as potencialidades de cada prática, destacando seu papel na promoção do bem-estar físico, mental e social das mulheres.

Fitoterapia

Prática milenar que utiliza plantas medicinais para o tratamento e prevenção de doenças, oferece uma ampla gama de benefícios para a saúde da mulher. Estudos comprovam sua efetividade no tratamento de distúrbios menstruais, sintomas da menopausa, infertilidade e doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

Na esfera da saúde reprodutiva feminina, a fitoterapia se destaca como uma importante aliada. A utilização de plantas medicinais demonstra-se eficaz no alívio de sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia e oscilações de humor. Além disso, contribui para a regulação menstrual, melhora da saúde reprodutiva e redução de sintomas vasomotores, como sudorese noturna e palpitações.

Em comunidades com recursos limitados, a fitoterapia se configura como uma alternativa acessível para o cuidado à saúde da mulher. A disponibilidade de plantas medicinais na natureza e o baixo custo de preparo de fitoterápicos facilitam o acesso ao tratamento, promovendo a saúde e o bem-estar de mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Acupuntura

Técnica milenar da medicina tradicional chinesa que utiliza agulhas finas para estimular pontos específicos do corpo, promovendo o equilíbrio energético e o alívio de dores. Esta terapia demonstra-se promissora na regulação do ciclo menstrual, abordando irregularidades e desconfortos associados, como cólicas.

Ademais, a acupuntura mostra-se benéfica no controle de náuseas e vômitos durante a gestação, proporcionando alívio às mulheres grávidas. O potencial de redução da dor lombar durante a gravidez contribui significativamente para a qualidade de vida das gestantes. Destaca-se ainda a capacidade relaxante muscular e propriedades anti-inflamatórias, que a tornam uma opção terapêutica no manejo de dores musculoesqueléticas ou inflamatórias.

Meditação

Prática que visa promover o autoconhecimento, a redução do estresse e a ansiedade, e o bem-estar mental. Contribui para redução do estresse e ansiedade, fortalecimento do controle emocional, aumento da consciência do momento presente, melhora da qualidade do sono, promoção da autocompaixão e do autocuidado, fortalecimento da resiliência.

Dentre os benefícios, incluem-se a significativa redução do estresse e da ansiedade, aprimoramento do controle emocional e aumento da consciência plena do momento presente. A prática regular da meditação também demonstra impacto positivo na qualidade do sono, contribuindo para a melhoria do bem-estar global das mulheres. Com isso, esta abordagem terapêutica permite às mulheres enfrentarem os desafios emocionais com maior resiliência e assertividade, ao mesmo tempo em que cultivam uma mentalidade centrada no presente, minimizando ruminações e pensamentos negativos.

Yoga

Prática milenar que combina exercícios físicos, respiratórios e de meditação, promovendo o fortalecimento muscular, a flexibilidade, o bem-estar físico e mental. Ela se adapta às necessidades e capacidades de cada mulher, independentemente da idade, nível de condicionamento físico ou experiência prévia devido as diversas modalidades existentes, assim, oferecem opções para todos os gostos e perfis, desde aulas dinâmicas e desafiadoras até práticas mais suaves e relaxantes.

Estudos comprovam a efetividade da prática na redução da pressão arterial, no alívio de dores nas costas, na melhora da saúde cardiovascular, na regulação do ciclo menstrual e no controle de sintomas da menopausa. Além disso, a Yoga auxilia na prevenção de doenças crônicas, como diabetes e osteoporose, e contribui para a melhora da saúde da pele e do sistema digestivo.

Integração das PICs na Atenção Primária à Saúde da Mulher

Pode-se compreender que transcender a visão limitada do corpo como um conjunto de órgãos, permite que as PICs reconheçam a mulher em sua integralidade, considerando as dimensões física, mental, emocional e social. Tal abordagem holística permite um cuidado mais completo e personalizado, atendendo às necessidades individuais de cada mulher de forma ampla.

Através de técnicas como acupuntura, fitoterapia e meditação, é possível promover o equilíbrio do organismo, fortalecer o sistema imunológico e reduzir os fatores de risco para o desenvolvimento de diversas enfermidades. Além disso, as PICs complementam o tratamento convencional de condições crônicas, proporcionando alívio de sintomas, melhora da qualidade de vida e redução da necessidade de medicamentos.

Portanto, implementar as PICs na atenção primária à saúde expande o acesso das mulheres a serviços de saúde de qualidade, especialmente em regiões com recursos limitados. Além disso, as PICs podem representar uma alternativa mais econômica para o tratamento de algumas condições, diminuindo custos com medicamentos e internações hospitalares.

Conclusão

As PICs representam uma ferramenta valiosa para a promoção da saúde da mulher, oferecendo uma abordagem holística e complementar à medicina convencional. A integração das PICs na atenção primária à saúde da mulher pode trazer diversos benefícios, como a prevenção de doenças, a promoção do bem-estar, a redução de custos e o aumento da acessibilidade aos serviços de saúde.

Contudo, é fundamental que profissionais de saúde estejam capacitados para oferecer as PICs às mulheres e que os serviços de saúde disponibilizem essas práticas de forma acessível e de qualidade. Desta forma, elas são uma alternativa promissora para o tratamento de diversos problemas de saúde da mulher. No entanto, é importante ressaltar que as PICs não devem ser utilizadas como substituto para o tratamento convencional.

Referências

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