Schuler (2000) examinou o construto do perfeccionismo em adolescentes superdotados em uma escola rural, investigando suas percepções sobre as influências ambientais que contribuem para o perfeccionismo e explorando as consequências percebidas. A pesquisa utilizou um delineamento de múltiplos casos, coletando dados de registros escolares, documentos informais, artefatos físicos, observações, entrevistas com participantes, professores, conselheiros e pais, e o Empowering Gifted Behavior Scale preenchido pelos professores.
Os resultados revelaram que 87,5% dos alunos superdotados apresentaram tendências perfeccionistas, divididos em perfeccionistas normais (58%) e neuróticos (29,5%). Os perfeccionistas normais valorizavam ordem e organização para alcançar seu “melhor pessoal”, influenciados por sistemas de apoio e esforço pessoal. Eles se percebiam como responsáveis e trabalhadores, atribuindo o sucesso ao trabalho árduo e à busca pela perfeição.
Por outro lado, os perfeccionistas neuróticos demonstravam preocupação com o erro, resultando em ansiedade. Eles definiam o perfeccionismo como “não errar” e se esforçavam para evitar erros a todo custo. As expectativas percebidas dos outros e as críticas percebidas influenciavam sua preocupação com o erro. Eles buscavam agradar aos outros e temiam críticas, trabalhando arduamente para evitar qualquer tipo de reprovação.
O estudo também explorou os tipos de perfeccionismo, incluindo perfeccionismo moral, de identidade e interpessoal. Os perfeccionistas neuróticos exibiam perfeccionismo moral devido à sua preocupação com o erro e à incapacidade de perdoar a si mesmos e aos outros. Isso se relacionava com o perfeccionismo de identidade e interpessoal, pois percebiam que os outros os viam como “perfeitos” e não deveriam sentir raiva deles.
As consequências do perfeccionismo afetaram os participantes em seus relacionamentos interpessoais, vida escolar e perspectivas futuras. Os perfeccionistas normais percebiam seus relacionamentos como positivos, enquanto os perfeccionistas neuróticos os viam como instáveis devido à preocupação com as críticas e expectativas dos pais. Na escola, o perfeccionismo influenciou o papel percebido na sala de aula e o desejo por desafios intelectuais. A maioria dos participantes não se sentia intelectualmente desafiada e preferia trabalhar com colegas de habilidades semelhantes. Em relação ao futuro, todos, exceto um, vislumbravam cursar o ensino superior e seguir carreiras profissionais, vendo o futuro dependente de seus comportamentos perfeccionistas.
Referência:
SCHULER, Patricia A. Perfectionism and gifted adolescents. The Journal of Secondary Gifted Education, v. 11, n. 4, p. 183-196, 2000.
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