Introdução
Conflitos armados impõem estresse crônico sobre as populações afetadas, alterando comportamentos de saúde e aumentando o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas. Apesar da relevância do tema, dados recentes sobre fatores de risco comportamentais (FRCs) em tempos de guerra são limitados. Este estudo objetivou avaliar a prevalência de FRCs na população ucraniana em meio aos estressores relacionados à guerra.
Métodos
Foi conduzida uma pesquisa transversal com 196 ucranianos entre janeiro e agosto de 2023, utilizando um questionário estruturado para avaliar estado de saúde, fatores comportamentais, socioeconômicos e culturais. Os critérios de exclusão incluíram doenças crônicas severas. A análise estatística foi realizada com SPSS 21.0, empregando testes de Kolmogorov-Smirnov, ANOVA e χ2, com nível de significância de p<0,05.
Resultados
Os principais FRCs identificados foram distúrbios do sono (72,4%), redução da atividade física (55,6%), alterações alimentares (34,7%), aumento do tabagismo (13,3%) e do consumo de álcool (16,8%). Alteracoes antropométricas significativas incluíram ganho de peso (22,4%) e perda de peso (36,2%). Estressores como insegurança financeira, deslocamento interno, perda de emprego e exposição a eventos traumáticos foram determinantes na prevalência dos FRCs. O impacto da guerra na qualidade de vida influenciou diretamente os padrões de sono, alimentação e atividade física.
Discussão
A exposição prolongada a conflitos armados resulta em alterações substanciais nos hábitos de vida, exacerbando fatores de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas. As intervenções devem considerar estratégias específicas para mitigar os impactos do estresse crônico, incluindo programas de triagem para distúrbios do sono, suporte psicológico e iniciativas de educação em saúde. A identificação precoce de indivíduos em maior risco permitiria a implementação de abordagens personalizadas para reduzir a carga de doenças crônicas associadas aos FRCs.
Conclusão
A guerra impõe severas mudanças no comportamento de saúde dos civis, com destaque para distúrbios do sono, alterações na alimentação e atividade física reduzida. A formulação de políticas públicas voltadas para prevenção e controle dos FRCs deve considerar os estressores relacionados ao conflito e priorizar a acessibilidade a serviços de saúde mental e reabilitação comportamental.
Palavras-chave: estresse, fatores comportamentais, guerra, risco cardiovascular, conflitos armados, população civil, inquérito epidemiológico.
Referência:
Kolesnikova O, Vysotska O, Radchenko A, Zaprovalna O, Emelyanova N. Prevalence of behavioral risk factors among Ukrainians during war amid existing stress factors. Academia Medicine 2024;1. https://doi.org/10.20935/AcadMed7469