Uma recente análise confirmou que a exposição a níveis elevados de flúor pode impactar negativamente o desenvolvimento cognitivo infantil. De acordo com o National Institutes of Health (NIH), concentrações superiores a 1,5 miligramas por litro (mg/L) de flúor na água potável estão associadas a uma redução nos escores de QI das crianças, reforçando dados anteriores divulgados em um relatório do governo norte-americano.
O estudo, publicado no JAMA Pediatrics, é a maior meta-análise já realizada sobre os impactos do flúor na saúde. Após nove anos de pesquisa, o Programa Nacional de Toxicologia dos EUA revisou 74 estudos, dos quais 64 indicaram uma ligação direta entre níveis mais altos de exposição ao flúor e diminuição da inteligência infantil.
Limites de exposição ao flúor
A análise constatou que a relação entre flúor e redução do QI é significativa apenas quando as concentrações na água ultrapassam 1,5 mg/L, valor superior ao padrão atual de 0,7 mg/L adotado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA. Além disso, o relatório destacou que o aumento de 1 mg/L nos níveis de fluoreto urinário foi associado a uma redução média de 1,14 a 1,63 pontos no QI.
Esses resultados levaram um tribunal federal a exigir que a EPA revisasse os padrões de fluoretação da água. A decisão foi motivada por um processo da organização ambiental Food & Water Watch, que argumentou que os níveis atuais representam um risco significativo ao neurodesenvolvimento infantil.
Impactos na saúde pública
A ingestão de flúor pode ocorrer por meio de diversas fontes, como água potável fluoretada, alimentos, bebidas e produtos de higiene bucal. Especialistas apontam que a capacidade do flúor de atravessar a barreira hematoencefálica e se acumular em áreas do cérebro ligadas à cognição e memória pode explicar seus impactos no desenvolvimento neurocognitivo, embora os mecanismos ainda não sejam totalmente compreendidos.
Apesar dessas descobertas, há discordâncias entre os especialistas. Alguns destacam que o flúor em níveis seguros desempenha um papel essencial na prevenção de cáries dentárias. Críticos também questionam a metodologia do estudo, como o uso de fluoreto urinário como indicador de exposição, devido à sua variabilidade.
Considerações finais
Embora o flúor seja amplamente reconhecido como uma ferramenta eficaz na saúde bucal, a crescente exposição por meio de diferentes fontes pode representar riscos adicionais, especialmente para crianças e gestantes. Pesquisadores enfatizam a necessidade de avaliações de risco mais detalhadas para equilibrar os benefícios da fluoretação com possíveis impactos negativos no neurodesenvolvimento.
Esses novos dados reforçam a importância de estratégias de saúde pública para monitorar e ajustar os níveis de exposição ao flúor, garantindo tanto a proteção da saúde bucal quanto o desenvolvimento cognitivo infantil.
Estudo aponta relação entre altos níveis de flúor e redução de QI em crianças
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