Uma técnica inovadora de microscopia promete revolucionar o diagnóstico e tratamento de tumores cerebrais, oferecendo imagens de alta resolução do tecido cerebral humano. Desenvolvida por pesquisadores do MIT em colaboração com o Brigham and Women’s Hospital/Harvard Medical School, essa nova abordagem revelou células e estruturas cerebrais até então invisíveis.
Os estudos indicam que tumores considerados de baixo grau podem ser mais perigosos do que se pensava, contendo uma quantidade maior de células tumorais agressivas. Espera-se que a técnica facilite o diagnóstico de tumores, melhore a precisão dos prognósticos e auxilie na escolha dos tratamentos mais adequados.
Pablo Valdes, ex-pós-doutorado do MIT e agora professor assistente na Divisão Médica da Universidade do Texas, junto com Edward Boyden, E. Antonio Chiocca, e outros, publicaram seus achados na Science Translational Medicine. Eles destacam a importância de entender as interações entre neurônios, sinapses e o tecido cerebral no desenvolvimento de tumores.
A técnica se baseia na microscopia de expansão, que amplia o tecido cerebral, permitindo a visualização de detalhes em nanoescala com equipamentos de microscopia óptica convencionais. Esse método, que separa proteínas para uma análise detalhada, possibilitou a marcação e visualização de até 16 moléculas diferentes por amostra, incluindo marcadores para tipos específicos de células e estruturas, bem como indicadores de agressividade tumoral e neurodegeneração.
Através dessa metodologia, os pesquisadores analisaram tanto tecido cerebral saudável quanto amostras de pacientes com gliomas, descobrindo novos insights sobre a agressividade e biologia desses tumores. Em particular, a presença de vimentina, uma proteína associada a glioblastomas altamente agressivos, foi detectada em quantidades significativas em gliomas de baixo grau.
A equipe de pesquisa espera que essa técnica de microscopia de expansão se torne uma ferramenta diagnóstica valiosa, permitindo a detecção de células e interações previamente inacessíveis. Além de ter aplicações em neuro-oncologia e neuropatologia, o método tem potencial para avançar o entendimento de diversas condições neurológicas.
O estudo, apoiado por diversas fundações e institutos, ilustra a colaboração frutífera entre médicos e cientistas na busca por novas tecnologias que possam melhorar significativamente os cuidados com pacientes com câncer cerebral.
Boyden e sua equipe planejam expandir o uso dessa técnica para explorar outros aspectos da função cerebral, tanto em condições saudáveis quanto patológicas, enfatizando a importância do estudo das interações em nanoescala para a compreensão da biologia fundamental.