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Laparoscopia no SUS, uma ferramenta que poderia ser melhor utilizada

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Analisando o atual cenário da medicina no país, o médico Alexandre Silva fala que o sistema poderia dispor de mais equipamentos para que as cirurgias por  via laparoscópica pudessem ser mais realizadas

A Laparoscopia é uma técnica cirúrgica na qual são realizadas pequenas incisões (cortes) no corpo do paciente, normalmente um dentro do umbigo e outros menores em outras áreas do abdome. Através deles são inseridos pequenos tubos que permitem a passagem de uma microcâmara (de alta definição), e de pinças ou instrumentos necessários para a realização da cirurgia.

Atualmente, a cirurgia laparoscópica é utilizada por praticamente todas as especialidades cirúrgicas abdominais, inclusive ginecológicas, para tratar de doenças benignas e malignas. Além disso, é também um método oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No entanto, acerca de como essa cirurgia é ofertada para a população, o médico Alexandre Silva e Silva, especialista em ginecologia e obstetrícia, pioneiro na cirurgia laparoscópica, demonstra-se insatisfeito com a falta de bons equipamentos nos hospitais públicos.

 

“O problema com o SUS é a má aplicação dos seus recursos econômicos”, começou dizendo. “São poucos os hospitais da rede pública de saúde, do SUS, que contam com verba destinada à implementação de tecnologia nos seus hospitais. E quanto mais afastados das grandes cidades do Brasil, piores são as suas condições”. Nesse sentido, o médico refere-se à extrema necessidade de investimentos em prevenção de doenças, diagnósticos precisos e tratamentos menos agressivos, já disponíveis na rede privada de atendimento, desde a década de 1990. “São 30 anos de atraso! Será que não deu tempo para se organizar?”, acrescentou.

“Isso não quer dizer que todo hospital do SUS é ruim, pois existem ilhas de excelência no SUS, e eu trabalho em uma delas, onde dispomos dos mesmos equipamentos cirúrgicos e recursos de última geração, iguais e por vezes até melhores, do que muitos dos hospitais da rede privada de São Paulo e do Brasil. Isso é muito bom para a população, que se beneficia de uma medicina de primeira qualidade.” completa o especialista.

“Com um investimento correto, conseguiríamos descobrir antes um problema de saúde, tratá-lo mais rapidamente e de maneira menos agressiva. Isso implica em um maior número de pessoas com seus problemas detectados e tratadas em um menor espaço de tempo”, explica o especialista, referindo-se ao curto período de internação necessário para um paciente operado por laparoscopia, por exemplo. Isso faz com que logo após operados, esses pacientes tenham alta hospitalar, liberando mais rapidamente os leitos para um próximo paciente que precise.

Outro ponto que o médico especialista observa é a carência de treinamento das equipes que trabalham com esses equipamentos para que eles possam realmente ser bem utilizados e durar mais e também a falta de reposição de equipamentos danificados que impedem a continuidade do volume de serviço. “Quando quebra, na maioria dos hospitais da rede pública, não tem reposição ou manutenção. Há também um déficit de treinamento, a laparoscopia é uma cirurgia difícil e demora até que o cirurgião obtenha proficiência, ou seja, que esteja realmente preparado para realizar as cirurgias da melhor maneira possível. Todos esses fatores também influenciam muito na utilização da videolaparoscopia no SUS”, afirma.

 

Desafio também médicos do interior

 

A cirurgia laparoscópica tem como benefícios para os pacientes o menor custo com medicações, menor tempo de internação hospitalar e melhor recuperação pós-operatória. Já para os cirurgiões, o que é proporcionado são operações mais precisas e assertivas, agredindo menos o organismo dos seus pacientes.

Mas refletindo sobre o atual cenário nacional, o médico Alexandre Silva reflete: “Existem aparelhos em hospitais da rede pública ligados às Universidades, como a USP, a Unicamp, a Escola Paulista de Medicina, entre outras, mas se analisarmos os hospitais da rede pública do Brasil de uma maneira geral, a realidade é completamente diferente, porque não existem recursos previstos para o investimento em equipamentos e treinamento das equipes para que essas técnicas possam ser implantadas e oferecidas à população”.

“E mesmo que os médicos invistam recursos próprios em suas carreiras para que estejam preparados para trabalhar, o que é muito comum na classe médica, de nada adianta se ao chegar ao hospital, não tiver os equipamentos necessários para realizar as cirurgias por essas técnicas. Isso é muito desestimulante para muitos médicos, principalmente os mais jovens que vivem nas regiões mais afastadas das capitais, que não tem opção a não ser tratar seus pacientes através de técnicas ultrapassadas de 30 anos atrás, por serem as únicas disponíveis nos hospitais de suas regiões”, finalizou.

Sobre o doutor Alexandre Silva e Silva

 

Dr. Alexandre Silva e Silva, se formou em 1995 na Faculdade de Ciências Médicas de Santos em medicina e fez residência em ginecologia obstetrícia no Hospital Guilherme Álvaro. Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia em 1999. Título de especialista em Histeroscopia em 1998. Título de especialista em laparoscopia em 2000. Certificação em cirurgia robótica em 2007 no Hospital Metodista de Houston. Certificação em cirurgia robótica single site em 2016 em Atlanta. Mestre em ciências pela Universidade de São Paulo em 2019.

Foi pioneiro em cirurgia minimamente invasiva a partir do ano de 1998. E dá aulas de vídeo cirurgia desde então. Referência em vídeo-laparoscopia e cirurgia robótica.

 

Fotos do doutor Alexandre / créditos: Arquivo Pessoal

Demais imagens / créditos: Pixabay

Alguns destaques

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