A relação entre a hipóxia-isquemia neonatal (HI) e o desenvolvimento cognitivo, especialmente em relação ao Quociente de Inteligência (QI), é uma área de investigação científica que continua a desafiar e intrigar pesquisadores. Estudos variados, tanto em humanos quanto em modelos animais, oferecem perspectivas divergentes, com alguns sugerindo uma correlação positiva entre exposições leves à hipóxia e o aumento do QI, e outros apontando para efeitos negativos ou a ausência de correlação significativa.
Pesquisas em animais indicam que a exposição breve à hipóxia durante o desenvolvimento fetal pode desencadear mecanismos adaptativos no cérebro, potencialmente resultando em melhorias cognitivas. Por outro lado, a hipóxia grave ou prolongada em animais tem sido associada a danos cerebrais e a uma diminuição do QI. Em seres humanos, os estudos também são mistos. Algumas pesquisas observaram que crianças nascidas prematuramente e submetidas a hipóxia leve apresentaram um QI mais elevado aos 8 anos de idade, enquanto outros estudos não encontraram diferenças significativas no QI entre crianças que sofreram hipóxia grave e aquelas que não sofreram.
Estas descobertas são limitadas pelo tamanho e pela qualidade metodológica dos estudos. A inconsistência entre os resultados destaca a complexidade da relação entre hipóxia e desenvolvimento cognitivo, sugerindo que outros fatores, como a intensidade e a duração da hipóxia, bem como características individuais, podem influenciar os resultados cognitivos.
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