Introdução
A pesquisa sobre Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tradicionalmente foca em déficits e intervenções voltadas para a mitigação de deficiências, com resultados limitados. No entanto, uma abordagem baseada em pontos fortes tem emergido, destacando o TDAH como uma manifestação neurodiversa, caracterizada por desafios e habilidades únicas. Essa revisão visa explorar a literatura recente sobre as forças associadas ao TDAH e propor sua aplicação no tratamento clínico e intervenções baseadas em forças.
Métodos
A revisão utilizou bases de dados como PsycInfo, PubMed e Google Scholar, além de referências cruzadas de artigos identificados, empregando palavras-chave como “forças”, “TDAH”, “neurodiversidade”, “criatividade”, “resiliência” e “hiperfoco”. Cinquenta e quatro artigos revisados por pares foram selecionados com base em critérios de relevância. Os estudos analisados incluíram desenhos qualitativos e quantitativos, com amostras predominantemente adultas. As metodologias abrangeram análises temáticas, autorrelatos e estudos comportamentais.
Resultados e Discussões
Os achados destacam características frequentemente subestimadas no TDAH, incluindo:
Criatividade e flexibilidade cognitiva: Uma capacidade ampliada de gerar ideias inovadoras.
Hiperfoco: Intensidade e concentração prolongadas em atividades de interesse, promovendo alta produtividade em tarefas específicas.
Empreendedorismo: Tendências proativas e disposição para assumir riscos calculados.
Outros pontos fortes incluem alta energia, sensibilidade aprimorada no processamento sensorial, empatia, resiliência e espontaneidade.
Essas características, quando adequadamente exploradas, podem melhorar o bem-estar e o desempenho ocupacional e social. Os dados corroboram que intervenções que enfatizem a identificação e amplificação de forças individuais podem superar limitações das abordagens tradicionais focadas em déficits.
Implicações Clínicas
Recomenda-se a adoção de uma psicoeducação orientada à neurodiversidade, reformulando a visão do TDAH como uma diferença neurológica, em vez de uma deficiência. Intervenções devem ser personalizadas, enfatizando forças específicas, enquanto se cria um ambiente otimizado para o sucesso.
Conclusões
Uma abordagem baseada em forças tem o potencial de melhorar significativamente os desfechos para indivíduos com TDAH. A pesquisa futura deve explorar quantitativamente essas características, aprofundando o entendimento sobre como integrar essas forças ao manejo clínico.
Referência:
Sonuga-Barke, E. J. S. et al. (2023). Journal of Child Psychology and Psychiatry, 64(10).
Sedgwick, J. A. et al. (2019). ADHD Attention Deficit and Hyperactivity Disorders, 11(3).