Início ColunaNeurociênciasA Conexão entre sociedades de Alto QI e Neurodivergência

A Conexão entre sociedades de Alto QI e Neurodivergência

Primeiramente, é importante identificar quem busca as sociedades de alto QI.

por Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

As sociedades de alto QI frequentemente atraem indivíduos que se destacam em testes de QI e buscam um espaço de pertencimento, interação e validação. No entanto, é crucial compreender o tipo de público que procura essas sociedades e realiza testes de QI.

Primeiramente, é importante identificar quem busca as sociedades de alto QI. Muitas vezes, são pessoas que, desde a infância, se sentiram diferentes ou cujos pais perceberam uma diferença significativa em relação aos padrões típicos. Esse grupo pode incluir uma proporção considerável de indivíduos com dupla excepcionalidade – aqueles que possuem altas habilidades intelectuais e, simultaneamente, algum tipo de neurodivergência, como autismo ou TDAH.

A busca por testes de QI, principalmente entre mulheres, frequentemente ocorre após a infância, pelos padrões não tão específicos. Isso também pode ser atribuído tanto à falta de uma cultura de avaliação de habilidades intelectuais no passado quanto a comportamentos que não despertaram preocupação parental suficiente para justificar um teste na juventude. A partir dessas avaliações tardias, muitas dessas pessoas procuram sociedades de alto QI para encontrar um sentido de pertencimento e autoafirmação. O desejo humano de integrar-se a um grupo e ser reconhecido é um forte motivador.

Em consequência, grupos de sociedades de alto QI podem ter uma significativa incidência de indivíduos neurodivergentes e superdotados que se expõem e participam ativamente. Esses indivíduos podem ter uma necessidade maior de atenção e reconhecimento devido às suas características e necessidades únicas.

Entretanto, pesquisas indicam que a maioria das pessoas superdotadas não possui dupla excepcionalidade. Porém, muitas pessoas realizam apenas o teste de QI sem investigar outras condições que possam estar presentes, o que pode alterar a percepção das estatísticas sobre a incidência de neurodivergência entre superdotados.

É importante destacar o alto índice de predisposição genética em pessoas de alto QI para condições como autismo, TDAH, bipolaridade e esquizofrenia. No entanto, ter uma predisposição genética não equivale a ter um diagnóstico. A predisposição indica uma maior probabilidade baseada na genética, mas fatores ambientais também desempenham um papel crucial.

A presença de genes e SNPs incomuns pode levar a uma alta predisposição genética para certas condições, mas isso não significa que a pessoa desenvolva essas condições. A inteligência, por exemplo, pode atuar como um fator neuroprotetor, e os mesmos genes podem estar envolvidos em diferentes manifestações neurobiológicas. Tanto os transtornos mentais quanto a inteligência são influenciados por um grande número de genes e variantes, além dos fatores ambientais. No entanto, a inteligência tende a ser mais fortemente influenciada pela genética do que os transtornos mentais.

Em resumo, a complexidade das interações entre genética e ambiente torna a relação entre alto QI e neurodivergência. As sociedades de alto QI oferecem um espaço importante para indivíduos que buscam compreensão e reconhecimento de suas capacidades e peculiaridades.

Alguns destaques

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