Início ColunaNeurociências A Bainha de Mielina e a Memória de Curto Prazo

A Bainha de Mielina e a Memória de Curto Prazo

por Heros Pena

Por: Heros Pena

Com o advento da Covid-19, muito tem se discutido sobre a diminuição da memória de curto prazo em pessoas infectadas. Diversos tratamentos têm sido propostos como soluções, desde o aumento da prática de atividades físicas até uma maior ingestão de creatina. No entanto, é importante ressaltar que a maioria dessas abordagens carece de comprovação científica robusta e muitas vezes se baseia em premissas pseudocientíficas.

Para compreender a perda de memória, é necessário reconhecer que ela pode ser causada por inúmeros fatores, e não existe um tratamento único e milagroso aplicável a todos os casos. Quando se trata da memória de curto prazo, sabemos que ela envolve processos complexos de interação química e elétrica no cérebro. Neste artigo, focaremos nas reações elétricas associadas ao armazenamento e recuperação de informações.

A transmissão de informações no cérebro ocorre por meio de impulsos elétricos que “saltam” entre os neurônios, passando pelos axônios. Esses axônios são revestidos por uma substância chamada bainha de mielina, uma camada de gordura que isola e acelera a condução dos impulsos. Essa bainha não é contínua; ela forma um revestimento em espiral, deixando pequenos espaços chamados nódulos de Ranvier, onde os impulsos elétricos “saltam”, facilitando a rápida comunicação entre as células nervosas.

Imagine a seguinte situação: você acorda e pensa, “Antes de sair, não posso esquecer minha carteira”. Depois, toma banho, se veste e, ao sair de casa, sente que está esquecendo algo. Mais tarde, no supermercado, percebe que era sua carteira. Esse esquecimento pode ocorrer porque, durante a transmissão da informação pelo cérebro, houve uma interrupção ou perda do sinal. Essa falha pode estar associada a problemas na bainha de mielina.

A mielina é composta majoritariamente por lipídios, incluindo colesterol “bom” (HDL). A falta de nutrientes adequados no organismo, como gorduras saudáveis, pode prejudicar a formação e a manutenção da bainha de mielina, comprometendo a eficiência da transmissão dos impulsos elétricos.

Agora que você compreende um pouco mais sobre o funcionamento do cérebro, é possível perceber como mudanças simples na alimentação, como incluir alimentos ricos em gorduras boas (ex.: castanhas, peixes e abacate), podem contribuir para a saúde da bainha de mielina e, consequentemente, para a melhora da memória. Isso ilustra como diversos aspectos do corpo estão interligados.

Alguns destaques

Deixe um comentário

cinco × 2 =

Translate »