Início ColunaBem Estar Gravidez e COVID-19: Taxas de Internação Hospitalar e Desafios no Tratamento em 10 Países Europeus Durante a Pandemia

Gravidez e COVID-19: Taxas de Internação Hospitalar e Desafios no Tratamento em 10 Países Europeus Durante a Pandemia

por Redação CPAH

Introdução

Este estudo analisou a incidência de internações hospitalares devido à COVID-19 em gestantes, bem como a gravidade da doença e os tratamentos médicos administrados, durante os primeiros 10 meses da pandemia (1º de março a 31 de dezembro de 2020). Realizado em 10 países europeus, a pesquisa visou identificar diferenças entre sistemas de saúde pública e destacar aprendizados para futuras emergências sanitárias.

Métodos

A análise utilizou dados de 1,7 milhão de gestantes provenientes de 10 países, com vigilância baseada em sistemas nacionais e regionais. Foram incluídas mulheres grávidas que deram entrada em hospitais com diagnóstico de COVID-19 confirmado por PCR e categorizadas em dois grupos: internação devido à COVID-19 ou internação por outras razões obstétricas.

Os principais desfechos incluíram:

• Incidência de internações por COVID-19.
• Frequência de COVID-19 moderada a grave (óbito materno, admissão em UTI, ou necessidade de suporte respiratório).
• Tratamento médico específico para COVID-19.

Resultados

1. Incidência de Internações Hospitalares:

• A incidência variou entre os países, de 0 internamentos na Islândia a 1,9 por 1.000 maternidades no Reino Unido.
• Países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia e Noruega) apresentaram as taxas mais baixas, enquanto França, Reino Unido e Suécia tiveram as mais altas.

2. Gravidade da COVID-19:

• Entre 2.350 mulheres internadas por COVID-19, 13 óbitos foram registrados, enquanto 294 foram admitidas em UTIs.
• A necessidade de suporte respiratório variou amplamente, com até 41% das mulheres na França precisando de oxigênio suplementar.
• Cerca de 39,1% das mulheres internadas apresentaram quadros moderados a graves.

3. Tratamentos Médicos:

• Apenas 16,8% das mulheres com COVID-19 moderada a grave receberam corticosteroides para tratar a infecção.
• 66,6% receberam anticoagulação profilática, mas tratamentos antivirais foram administrados em apenas 14,8% dos casos.
4. Resultados Maternos e Neonatais:
• O parto prematuro (<37 semanas) foi mais comum em mulheres com quadros graves, variando entre 26,7% (Países Baixos) e 34,5% (Reino Unido).
• A admissão de recém-nascidos em unidades neonatais foi mais frequente em mães com infecção moderada a grave (32,8%).

Discussão

As variações na incidência de internações e nos tratamentos administrados refletem diferenças nas políticas de saúde pública e estratégias de contenção entre os países. Em locais com taxas de internação mais altas, como França e Reino Unido, a abordagem inicial de mitigação contrastou com a supressão precoce adotada nos países nórdicos. Além disso, a baixa frequência de tratamentos específicos para COVID-19 em gestantes, mesmo após a disponibilidade de evidências sobre segurança, destaca uma lacuna importante no manejo clínico durante pandemias.

Conclusão

As políticas nacionais desempenharam um papel significativo na proteção de gestantes durante a pandemia, influenciando as taxas de hospitalização e mortalidade. No entanto, a subutilização de tratamentos eficazes em mulheres grávidas revela a necessidade de inclusão precoce dessas pacientes em protocolos de desenvolvimento de medicamentos e vacinas para futuras emergências de saúde pública.

Referência

Engjom, H. M., de Bruin, O., Ramakrishnan, R., et al. (2024). Pregnant women admitted to hospital with covid-19 in 10 European countries: individual patient data meta-analysis of population based cohorts in International Obstetric Survey Systems. BMJ Medicine, 3(1), e000733. Disponível em: https://bmjmedicine.bmj.com/content/3/1/e000733

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