Introdução:
Investigações no campo da psicologia do desenvolvimento têm se concentrado na elucidativa relação entre os comportamentos exploratórios orais em bebês e o subsequente desenvolvimento de capacidades cognitivas superiores, notadamente o Quociente de Inteligência (QI). Este estudo procura amalgamar evidências empíricas que apoiam a hipótese de que a frequência e intensidade com que os bebês engajam em atividades de mouthing – isto é, a manipulação de objetos com a boca – podem ser indicativos precoces de habilidades cognitivas avançadas.
Desenvolvimento:
Valerie A. Whyte e colaboradores (1994) em seu estudo revelam uma relação intrínseca entre a manipulação de objetos e a diferenciação na configuração de preensão realizada por lactentes, sugerindo uma percepção precoce das propriedades físicas dos objetos que pode facilitar processos cognitivos mais complexos no futuro (WHYTE, V. A.; MCDONALD, P. V.; BAILLARGEON, R.; NEWELL, K. M., 1994).
De forma complementar, a pesquisa conduzida por Lorraine McCune e H. Ruff (1985) articula que a transição de estratégias manuais simples para comportamentos exploratórios mais elaborados, como a rotação e transferência de objetos de uma mão para outra, está correlacionada com pontuações elevadas em escalas de desenvolvimento mental, como as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil (MCCUNE, L.; RUFF, H., 1985).
Além disso, um estudo observacional extensivo de Juberg et al. (2001) quantificou o comportamento de mouthing em crianças com menos de três anos, encontrando uma variabilidade significativa que pode ser indicativa de diferenças individuais na iniciação e maturação cognitiva (JUBERG, D.; ALFANO, K.; COUGHLIN, R.; THOMPSON, K. M., 2001).
Conclusão:
Portanto, a correlação entre a frequência e intensidade do comportamento de mouthing em bebês e o desenvolvimento de um QI elevado é sustentada por uma base empírica robusta. Os comportamentos de mouthing podem não apenas refletir uma fase transitória de desenvolvimento sensorial e motor, mas também indicar um potencial cognitivo superior. Assim, sugere-se que a exposição a ambientes ricos em estímulos que promovam a exploração oral pode ser fundamental para o desenvolvimento cognitivo. Futuras investigações devem continuar a explorar esta relação, potencialmente influenciando práticas parentais e pedagógicas no desenvolvimento inicial.
Referências
WHYTE, V. A.; MCDONALD, P. V.; BAILLARGEON, R.; NEWELL, K. M. Mouthing and Grasping of Objects by Young Infants. Ecological Psychology, v. 6, p. 205-218, 1994.
MCCUNE, L.; RUFF, H. Infant Special Education: Interactions with Objects. Topics in Early Childhood Special Education, v. 5, p. 59-67, 1985.
JUBERG, D.; ALFANO, K.; COUGHLIN, R.; THOMPSON, K. M. An observational study of object mouthing behavior by young children. Pediatrics, v. 107, p. 135-142, 2001.