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Procrastinação em pessoas de Alto QI: Uma perspectiva neurogenética

Em vez de ser um mero problema de gerenciamento de tempo, a procrastinação pode ser influenciada por fatores neurológicos e genéticos, que se entrelaçam com traços de personalidade e processos cognitivos específicos.

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A procrastinação, frequentemente associada à falta de organização ou preguiça, revela-se um fenômeno complexo, especialmente em indivíduos de alto QI. Em vez de ser um mero problema de gerenciamento de tempo, a procrastinação pode ser influenciada por fatores neurológicos e genéticos, que se entrelaçam com traços de personalidade e processos cognitivos específicos.

Indivíduos com alto QI, muitas vezes caracterizados por um intenso perfeccionismo e um fluxo acelerado de pensamentos, podem ser mais propensos à procrastinação. A busca incessante pela perfeição, o medo de cometer erros e a ruminação mental podem levar à paralisia na tomada de decisão e, consequentemente, ao adiamento de tarefas.

Além disso, a neurociência sugere que a procrastinação em pessoas de alto QI pode estar relacionada à forma como o cérebro gerencia a energia. O córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas como planejamento e tomada de decisão, consome uma quantidade significativa de energia. Em indivíduos de alto QI, a hiperativação dessa região, combinada com o excesso de pensamentos e a busca pela perfeição, pode levar a um estado de fadiga mental, resultando na procrastinação como uma forma de conservar energia.

Estudos também apontam para a influência de fatores genéticos na procrastinação. Variantes em genes como o COMT, responsável pela regulação da dopamina, um neurotransmissor associado à motivação e recompensa, podem modular a tendência à procrastinação. Adicionalmente, experiências negativas passadas e a ansiedade podem desempenhar um papel relevante, ativando o sistema de resposta ao estresse e liberando cortisol, o que pode levar à fadiga e ao adiamento de tarefas.

Portanto, a procrastinação em pessoas de alto QI não pode ser reduzida a uma simples questão de falta de disciplina ou organização. É um fenômeno multifacetado, influenciado por uma complexa interação entre fatores neurológicos, genéticos, psicológicos e ambientais. Compreender essa complexidade é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de intervenção, que levem em consideração as particularidades cognitivas e emocionais desses indivíduos, auxiliando-os a alcançar seu pleno potencial. (RODRIGUES, 2024)

Referência:

RODRIGUES, Fabiano de Abreu Agrela. Procrastinação em Pessoas de Alto QI. Revista Científica y Académica, v. 4, n. 1, p. 792-808, 2024.

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