A neurociência da consciência é um campo de estudo que explora a complexa relação entre a atividade cerebral e a experiência consciente. Investigar a natureza da consciência e sua origem a partir de processos cerebrais continua sendo um dos maiores desafios da ciência moderna. Um aspecto crítico desta investigação é a identificação dos correlatos neurais da consciência (CNC), que são padrões específicos de atividade cerebral associados à experiência consciente. Segundo Maciejewicz (2022), os distúrbios de consciência, como o coma e o estado vegetativo persistente, ilustram as dificuldades em compreender plenamente as redes cerebrais envolvidas em estados de consciência. Esses distúrbios evidenciam a necessidade de métodos diagnósticos avançados para entender as bases neurobiológicas desses estados alterados.
Além disso, teorias neurobiológicas, como a Teoria do Espaço de Trabalho Global (Global Workspace Theory), propõem que a consciência surge quando a informação é amplamente disseminada e integrada entre diferentes áreas cerebrais (Mylopoulos, 2022). Esta teoria sugere que a integração de informações em um espaço de trabalho global permite a experiência consciente, tornando essa informação acessível a diferentes sistemas cognitivos.
Outras abordagens consideram a relação entre consciência e funções cognitivas como a memória de trabalho e a atenção. Segundo Maciejewicz (2022), a relação entre consciência e atenção, assim como a distinção entre percepção consciente e inconsciente, são cruciais para entender como a consciência emerge da atividade neuronal. A exploração de metodologias estruturais, que analisam as propriedades fenomenológicas da experiência consciente e suas correspondências neurais, oferece uma nova perspectiva sobre a medição e compreensão dos estados de consciência (Kob, 2023).
Finalmente, a possibilidade de consciência artificial é uma área emergente que questiona se sistemas de inteligência artificial podem alcançar um estado de consciência similar ao humano. Estudos indicam que a arquitetura atual dos modelos de linguagem artificial carece de características fundamentais do sistema talamocortical, essenciais para a consciência, além de não possuir a interação sensorial e a motivação intrínseca presente nos organismos vivos (Maciejewicz, 2023).
Assim, a neurociência da consciência continua a avançar na compreensão de como processos cerebrais complexos dão origem à experiência consciente, com implicações profundas para a ciência cognitiva, filosofia e inteligência artificial.
Referências:
- MACIEJEWICZ, Berenika. Clinical Neurophysiology in the Prognostic and Diagnostic Evaluation of Disorders of Consciousness. Journal of Regenerative Biology and Medicine, 2022. DOI: 10.37191/mapsci-2582-385x-4(4)-117.
- MYLOPOULOS, Myrto. Neurobiological Theories of Consciousness. In: [Livro], 2022. DOI: 10.4324/9781003241898-21.
- MACIEJEWICZ, Berenika. Neuroscience of consciousness: cognition, physics and philosophy of decoding the human brain. Journal of Applied Cognitive Neuroscience, 2022. DOI: 10.17981/jacn.3.2.2022.02.
- KOB, Lukas. Exploring the role of structuralist methodology in the neuroscience of consciousness: a defense and analysis. Neuroscience of Consciousness, 2023. DOI: 10.1093/nc/niad011.
