Resumo
A mentalização, habilidade central na cognição social, é amplamente estudada por meio de paradigmas laboratoriais que simulam interações sociais. No entanto, sua robustez em condições experimentais desafiadoras, como a indução de estresse, permanece pouco compreendida. Este estudo combina a tarefa de detecção de bola com paradigmas de indução de estresse para investigar os efeitos do estresse na tomada de perspectiva, tanto no comportamento quanto em seus correlatos neurais. Os resultados indicam que, sob estresse, os participantes apresentam uma redução na ativação neural associada à mentalização e não exibem mudanças comportamentais consistentes, ressaltando limitações dos paradigmas atuais.
Introdução
A mentalização, ou a capacidade de adotar a perspectiva de outra pessoa, é fundamental para comportamentos sociais complexos. Essa habilidade, frequentemente mediada por regiões neurais como o giro temporal e o TPJ direito, pode ser influenciada por condições de estresse. Este estudo buscou avaliar os efeitos do estresse na tomada de perspectiva por meio da tarefa de detecção de bola, que tem vantagens metodológicas sobre paradigmas anteriores por evitar efeitos de teto e oferecer condições experimentais randomizadas.
Métodos
Foram conduzidos dois experimentos: um estudo online e um estudo de neuroimagem funcional (fMRI). Ambos utilizaram a tarefa de detecção de bola, na qual os participantes e um agente virtual formam crenças independentes sobre a presença de um objeto. O estresse foi induzido em uma condição experimental, comparada a um grupo controle sem indução de estresse. Foram analisados tempos de reação, índices de tomada de perspectiva (ToM) e atividade neural em regiões associadas à mentalização.
Resultados
- Comportamento
Não foram observadas diferenças significativas no índice ToM entre participantes estressados e não estressados em ambas as condições experimentais. - Neuroimagem
No experimento fMRI, participantes estressados apresentaram menor ativação no TPJ direito e no giro temporal médio durante ensaios incongruentes, sugerindo que o estresse pode modular a capacidade de mentalizar. Esses efeitos foram mais pronunciados em participantes com baixos níveis de variabilidade da frequência cardíaca em repouso.
Discussão
Embora a tarefa de detecção de bola tenha sido validada em estudos anteriores, sua eficácia em medir tomada de perspectiva pode ser comprometida em contextos de troca de tarefas e indução de estresse. Esses resultados destacam a necessidade de paradigmas mais robustos que capturem nuances da cognição social em condições experimentais complexas.
Conclusão
A combinação de paradigmas de mentalização com indução de estresse revela limitações metodológicas importantes. A pesquisa sugere que o desenvolvimento de medidas mais confiáveis e ecologicamente válidas é crucial para entender melhor os mecanismos subjacentes à cognição social sob estresse.
Para mais detalhes, consulte o estudo completo: Mentalização Frágil: Falta de Marcadores Comportamentais e Neurais de Cognição Social em uma Perspectiva Social Estabelecida Tarefa de Tomada de Tarefa Quando Combinada com Indução de Estresse | eNeuro