Introdução
O trauma raquimedular (TRM) é uma condição que afeta significativamente a qualidade de vida, resultando em perdas motoras, sensoriais e até funcionais, especialmente na respiração. Com uma incidência anual de cerca de 6.800 casos no Brasil, a maioria em homens entre 10 e 30 anos, a busca por tratamentos efetivos é constante. Um dos focos recentes na reabilitação de pacientes com TRM tem sido a utilização da eletroestimulação (EE) para fortalecer músculos afetados, como o diafragma.
O que é Eletroestimulação?
A eletroestimulação neuromuscular (NMES) é uma técnica terapêutica que utiliza correntes elétricas para estimular a contração muscular, sendo aplicada há mais de um século. Existem várias formas de EE, como a Estimulação Elétrica Funcional (FES) e a Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS), cada uma com propósitos específicos, desde o fortalecimento muscular até o controle da dor.
Efeitos do Trauma Raquimedular na Respiração
O diafragma, principal músculo responsável pela respiração, pode enfraquecer significativamente após um TRM, especialmente se a lesão ocorrer na região cervical, que pode levar a tetraplegia e dependência de ventilação mecânica. A fraqueza diafragmática pode resultar de inúmeras causas, incluindo o próprio trauma, mas a EE pode oferecer uma alternativa viável para recuperar sua funcionalidade.
Aplicação da Eletroestimulação no Diafragma
A EE no diafragma tem como objetivo recrutar fibras musculares que não estão sendo ativadas devido à lesão, promovendo assim a recuperação da força muscular e da capacidade respiratória. Os eletrodos são posicionados em pontos específicos como a região paraxifóidea e ao longo das costelas, onde o nervo frênico pode ser estimulado. A intensidade, frequência e duração da estimulação são ajustadas conforme a resposta do paciente, visando não apenas o fortalecimento mas também a independência respiratória.
Resultados da Pesquisa
Estudos indicam que a EE pode acelerar o desmame da ventilação mecânica em pacientes com lesões medulares incompletas, melhorar a ventilação em casos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e aumentar a qualidade de vida através da melhora da função diafragmática. Protocolos de aplicação variam, mas todos visam um aumento gradual da autonomia respiratória do paciente.
Conclusão
A eletroestimulação diafragmática é uma técnica promissora na fisioterapia para pacientes com TRM, oferecendo uma abordagem segura e eficaz para fortalecer o diafragma e melhorar a respiração. Embora ainda necessite de mais pesquisas, os resultados até agora são encorajadores, potencializando a independência e a qualidade de vida dos pacientes.
Referência:
Santos, N.S., Tomaz, E.J.C., Soares, C.N. (2019). Eletroestimulação na fraqueza do músculo diafragma decorrente de trauma raquimedular. Brazilian Journal of Health Review, 2(5), 4088-4101. DOI:10.34119/bjhrv2n5-016