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Consumir manteiga pode aumentar níveis de insulina no sangue

Um aspecto menos explorado, porém igualmente relevante, é o potencial da manteiga em influenciar os níveis de insulina no sangue, especialmente quando consumida em determinadas combinações alimentares.

por Redação CPAH

Nas últimas décadas, as discussões sobre os impactos dos alimentos ricos em gordura na saúde humana têm sido intensas. Entre os alimentos polêmicos está a manteiga, um ingrediente tradicionalmente presente na culinária, mas frequentemente criticado por seu alto teor de gorduras saturadas. Um aspecto menos explorado, porém igualmente relevante, é o potencial da manteiga em influenciar os níveis de insulina no sangue, especialmente quando consumida em determinadas combinações alimentares.

Estudos científicos têm demonstrado que o consumo de manteiga, principalmente em conjunto com carboidratos, pode aumentar os níveis de insulina no sangue. Pesquisas realizadas com indivíduos saudáveis e portadores de diabetes tipo 2 mostraram que refeições contendo manteiga elevam a resposta de insulina, mesmo quando a resposta glicêmica é reduzida. Por exemplo, um estudo revelou que a adição de 50 ou 100 gramas de manteiga a uma refeição composta por batatas aumentou significativamente a resposta de insulina em comparação a refeições sem gordura (Rasmussen et al., 1996).

Esse fenômeno pode ser explicado pela interação entre a gordura e o sistema digestivo. A gordura presente na manteiga retarda o esvaziamento gástrico, o que pode reduzir a velocidade de absorção da glicose. Contudo, mesmo com níveis mais baixos de glicose no sangue, a gordura parece estimular a liberação de insulina, possivelmente devido à ação de hormônios como o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e outras incretinas (Collier & O’Dea, 1983).

Ainda mais preocupante é o impacto do consumo prolongado de manteiga em dietas ricas em gordura saturada. Estudos em modelos animais sugerem que dietas com alto teor de gordura derivada de manteiga podem reduzir a sensibilidade à insulina e agravar a resistência à insulina, o que contribui para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 (Hamilton et al., 2015).

Reflexões sobre saúde e consumo consciente

Diante dessas evidências, o consumo de manteiga deve ser feito com moderação, especialmente por indivíduos com predisposição a distúrbios metabólicos. Não se trata de demonizar um alimento que, em pequenas quantidades, pode ser parte de uma dieta equilibrada, mas de reconhecer seu impacto potencial na resposta insulínica e na saúde metabólica.

É fundamental que a sociedade adote uma postura mais informada e crítica sobre os alimentos que consome. Assim como a manteiga pode ser apreciada com parcimônia, é importante explorar alternativas mais saudáveis, como azeites de oliva e óleos ricos em gorduras insaturadas, que têm demonstrado efeitos menos adversos na resposta insulínica e no metabolismo de carboidratos.

Promover uma alimentação consciente é um passo essencial para prevenir doenças metabólicas e melhorar a qualidade de vida.

Referências
1. Rasmussen, O., Lauszus, F., Christiansen, C., Thomsen, C., & Hermansen, K. (1996). Differential effects of saturated and monounsaturated fat on blood glucose and insulin responses in subjects with non-insulin-dependent diabetes mellitus. The American Journal of Clinical Nutrition.
2. Collier, G., & O’Dea, K. (1983). The effect of coingestion of fat on the glucose, insulin, and gastric inhibitory polypeptide responses to carbohydrate and protein. The American Journal of Clinical Nutrition.
3. Hamilton, M., Hopkins, L. E., Alzahal, O., Macdonald, T. L., Cervone, D. T., Wright, D., & Dyck, D. (2015). Feeding butter with elevated content of trans-10, cis-12 conjugated linoleic acid to obese-prone rats impairs glucose and insulin tolerance. Lipids in Health and Disease.

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