1. Digestão do Ovo e Liberação de Aminoácidos
Quando você consome um ovo, a digestão das proteínas começa no estômago. O ambiente ácido, devido ao ácido clorídrico (HCl), desnatura as proteínas, desfazendo sua estrutura tridimensional. A pepsina, uma enzima proteolítica presente no estômago, atua sobre essas proteínas desnaturadas, quebrando-as em fragmentos menores chamados peptídeos. Esses peptídeos então passam para o intestino delgado, onde são expostos às enzimas pancreáticas, como a tripsina e a quimotripsina, que os quebram ainda mais em aminoácidos individuais. Entre esses aminoácidos, a tirosina é um dos produtos finais que será absorvido pelas células intestinais.
2. Transporte da Tirosina para o Fígado
Após a absorção pelas células do intestino delgado, a tirosina é transportada pela corrente sanguínea, chegando ao fígado através da veia porta hepática. No fígado, a tirosina pode ser utilizada em várias vias metabólicas, mas uma parte significativa é liberada de volta à corrente sanguínea para ser distribuída aos tecidos que necessitam desse aminoácido, incluindo o cérebro, onde será usada para a síntese de neurotransmissores.
3. Captação da Tirosina pelos Neurônios no Cérebro
No cérebro, a tirosina é captada por neurônios dopaminérgicos, que são responsáveis pela síntese de dopamina. Esses neurônios estão localizados principalmente em regiões como a substância negra e o tegmento ventral. A tirosina atravessa a barreira hematoencefálica utilizando transportadores específicos que regulam sua entrada nas células nervosas.
4. Conversão de Tirosina em L-DOPA
Dentro dos neurônios dopaminérgicos, a tirosina é convertida em L-DOPA pela ação da enzima tirosina hidroxilase. Esta etapa é crucial, pois a tirosina hidroxilase adiciona um grupo hidroxila à tirosina, produzindo L-DOPA, um precursor direto da dopamina. Esta enzima é considerada o passo limitante na via de síntese das catecolaminas, o que significa que é a etapa mais regulada e crítica para a produção de dopamina.
5. Conversão de L-DOPA em Dopamina
A L-DOPA gerada pela tirosina hidroxilase é então rapidamente convertida em dopamina pela enzima L-aminoácido aromático descarboxilase (também conhecida como dopa descarboxilase). Esta enzima remove um grupo carboxila da L-DOPA, transformando-a em dopamina. A dopamina é então pronta para ser utilizada como neurotransmissor no sistema nervoso central.
6. Armazenamento e Liberação da Dopamina
A dopamina sintetizada é armazenada em vesículas sinápticas nos terminais dos neurônios dopaminérgicos. Quando um impulso nervoso chega ao terminal do neurônio, essas vesículas se fundem com a membrana celular e liberam a dopamina na fenda sináptica, o espaço entre o neurônio pré-sináptico e o neurônio pós-sináptico. A dopamina então se liga aos receptores de dopamina nos neurônios pós-sinápticos, onde exerce seus efeitos, regulando funções como movimento, prazer, motivação e atenção.
7. Recaptação e Degradação da Dopamina
Após a dopamina exercer sua função, ela é recaptada pelos transportadores de dopamina no neurônio pré-sináptico, onde pode ser reciclada e armazenada para futuras liberações. Alternativamente, a dopamina pode ser degradada por enzimas como a monoamina oxidase (MAO) e a catecol-O-metiltransferase (COMT), que quebram a dopamina em metabólitos inativos, encerrando sua ação.
Esse processo detalhado descreve como a tirosina proveniente de um ovo se transforma em dopamina, um neurotransmissor essencial no cérebro humano.