Pesquisadores(as):
Dr. Fabiano de Abreu – O Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos e 15 livros.
Dr. Flávio H. Nascimento
Dr. Flávio Henrique é formado em medicina pela UFCG, com residência médica em psiquiatria pela UFPI e mais de 10 anos de experiência na área de psiquiatria. Diagnosticado com superdotação, tem 131 pontos de QI o que equivale a 98 de percentil e é membro do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito como pesquisador auxiliar.
Introdução
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por sintomas centrais de desatenção, hiperatividade e instabilidade emocional e impulsividade, o que pode afetar a vida acadêmica, social e profissional dos indivíduos. TDAH pode ser tratado com abordagens farmacológicas ou psicoterapia, principalmente Terapia Cognitivo Comportamental. Seu diagnóstico é geralmente realizado durante a infância por uma série de fatores como a observação de sintomas e acompanhamento médico, no entanto, cada vez mais a condição tem sido observada em adultos.
O desenvolvimento de TDAH na fase adulta ainda é cercado de controvérsias, pois as evidências científicas convergem para uma condição neurobiológica desenvolvida na infância e que acompanha o indivíduo durante toda a vida, o que aponta para uma forte hipótese para o aumento de casos em adultos: Diagnósticos imprecisos.
As profundas mudanças no estilo de vida atual, em especial com o advento das redes sociais, sintomas muito similares ao TDAH, mas na verdade derivados da ansiedade, podem contribuir para uma avalanche de diagnósticos imprecisos que podem gerar a percepção de que o TDAH pode se desenvolver na idade adulta.
TDAH e a infância: Uma relação próxima
As causas do TDAH não são totalmente esclarecidas, no entanto, diversas evidências científicas relacionam o seu desenvolvimento multifatorial com o período da infância.
Dentre as diversas teorias cientificamente embasadas sobre as causas do TDAH estão as vias dopaminérgicas, onde haveria déficit de dopamina no córtex frontal e núcleo estriado, o que explicaria grande parte dos sintomas. Por outro lado, há fortes evidências da influência do risco genético hereditário para o surgimento da condição, podendo ser de até 90%, destacando genes como DRD4, DRD5, DAT1, 5HTT, HTR1B e SNAP25, no entanto, sua relação com o ambiente é sempre ressaltada, incluindo exposição a determinadas substâncias como chumbo, produtos industriais tóxicos e pesticidas, demonstrando os fortes impactos do estilo de vida na doença.
TDAH também é associado a diversos outros problemas, como QI menor, Transtornos do Espectro Autista (TEA), deficiência intelectual, entre outros, além de também estar intimamente relacionado ao período da gravidez, evidências sugerem que tabagismo materno, abuso de álcool, estresse materno e prematuridade.
Uma porcentagem significativa das hipóteses acerca do surgimento do TDAH o relacionam com o nascimento e a infância, endossando ainda mais a ideia de que a condição não é desenvolvida na fase adulta.
Redes Sociais e cérebro
As redes sociais ganharam grande relevância nos últimos anos, no entanto, elas exercem um impacto complexo no cérebro humano, mediado por processos neurocognitivos e neurocomportamentais.
Diversos estudos relacionam o uso excessivo de computadores, smartphones e telas em geral ao desenvolvimento de sintomas muito similares ao TDAH, como falta de atenção e hiperatividade, em especial pelos turnos atencionais repetitivos e multitarefa, além da necessidade de atenção rápida e alternada, o que afeta o funcionamento cognitivo.
O uso excessivo de redes sociais também está ligado ao isolamento social e a dificuldades em utilizar corretamente a inteligência emocional e social, facilitando o surgimento de condições como o transtorno narcisista, em grande parte devido à exposição a estímulos sociais, como curtidas e comentários, associados à recompensa e motivação, o que desregula a liberação de neurotransmissores.
Também há fortes evidências do impacto da prática no desenvolvimento cognitivo e cerebral, principalmente quando usado durante a infância e adolescência, afetando a linguagem e desencadeando problemas comportamentais devido a uma redução na conectividade cerebral entre as regiões responsáveis pela leitura e linguagem.
A estimulação moderada no córtex pré-frontal (CPF) pela noradrenalina (NA) e dopamina (DA) é essencial para o bom desempenho cognitivo. É importante destacar que a estimulação baixa de noradrenalina e dopamina no córtex pré-frontal (TDAH) pode levar a alterações cognitivas semelhantes de estimulação demasiadamente aumentada de NA e DA nessa região do cérebro.
Diagnósticos imprecisos
Diversos especialistas questionam o “boom” de diagnósticos de TDAH e apontam para uma série de diagnósticos imprecisos que negligenciam as diretrizes de identificação da doença enquanto consideram sintomas advindos de outras condições como canônicos para o diagnóstico.
A popularização do termo e seu apontamento geral como o responsável por diversos problemas de aprendizado, escolares e comportamentais, que muitas vezes são desencadeados por outros fatores, contribuem para uma banalização do termo que passa a ser deslocado de sua forma original para assumir a denominação de um grupo de sintomas genéricos.
As fronteiras entre o normal e o patológico estão cada vez mais reduzidas e a associação não técnica de sintomas e nomenclaturas deve ser combatida para direcionar corretamente diagnósticos e evitar a disseminação de falsas epidemias que tiram o foco das reais epidemias que advém de outras situações.
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ISSN: 2763-6895
Prefixo DOI: 10.56238/cpahciencia