É comum associar ansiedade a algo negativo, um estado mental a ser evitado. Contudo, pesquisas recentes revelam uma faceta intrigante: a ansiedade pode estar ligada à alta inteligência.
Um estudo de 2018 apontou que membros da Mensa, grupo composto por indivíduos com altos QIs, apresentam maior propensão a transtornos psicológicos como transtornos de humor, TDAH e transtorno do espectro autista. Notavelmente, 20% dos membros da Mensa relataram diagnósticos de transtornos de ansiedade, enquanto 26% foram diagnosticados com outros transtornos de humor.
Em um estudo conduzido pela IIS Society em 2023, que compreende indivíduos com QI ainda mais elevado que os membros da Mensa, observou-se uma tendência interessante relacionada à ansiedade. É importante considerar que a predisposição para realizar testes de QI muitas vezes decorre de comportamentos que atraem atenção, sejam eles positivos ou negativos. Esse fenômeno sugere que aqueles que buscam avaliação de QI podem já apresentar traços comportamentais distintos. O estudo revela uma correlação entre altos níveis de QI e uma maior incidência de ansiedade, levantando questões sobre as implicações psicológicas dessas descobertas. Além disso, ao comparar com dados da Mensa, torna-se evidente que as nuances da inteligência e seu impacto na saúde mental exigem uma análise mais aprofundada.
Esta descoberta sustenta a teoria do “cérebro hiperativo-corpo hiperativo”, que examina a relação entre inteligência e reações físicas e psicológicas, especialmente as associadas ao estresse.
Em 2011, um estudo confiável descobriu que pessoas com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) tendem a se preocupar mais e possuem um QI mais elevado. Essa pesquisa utilizou questionários e tecnologias de imagem para avaliar 44 participantes, dos quais 26 foram diagnosticados com TAG. Estes apresentaram pontuações mais altas tanto em preocupação quanto em QI.
A inteligência emocional também parece ter um papel importante. Um estudo de 2021 sugere que diferentes níveis de inteligência emocional podem estar associados a distúrbios emocionais, incluindo sintomas de ansiedade, depressão e preocupação.
Ademais, a inteligência verbal pode estar particularmente ligada a sentimentos de preocupação, medo ou ansiedade. Esta forma de inteligência, associada à habilidade linguística, como falar, ler ou escrever, pode ser um fator determinante. Uma pesquisa de 2015 encontrou uma ligação direta entre ansiedade e desempenho acadêmico, mostrando que estudantes universitários com maiores níveis de ansiedade também obtiveram pontuações mais altas nos testes.
Vários motivos podem explicar essa conexão entre alta inteligência e ansiedade. Pessoas altamente inteligentes tendem a abordar assuntos mais logicamente, o que pode ser um obstáculo em situações que requerem mais empatia do que lógica. Além disso, uma maior autoconsciência, forte senso de observação, altos níveis de empatia e uma mente constantemente ativa podem levar a um estado de preocupação ou sobrecarga mental.
Portanto, a ansiedade, longe de ser apenas um sinal de fraqueza, pode ser um indicativo de uma mente mais ágil e perceptiva. Essa nova perspectiva desafia nossas concepções tradicionais sobre inteligência e saúde mental, abrindo caminho para uma compreensão mais profunda e empática das complexidades do cérebro humano.
Referências
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