Resumo
O Transtorno de Personalidade Histriônico (TPH) é definido por um padrão persistente de busca excessiva por atenção, expressividade emocional superficial e comportamentos dramatizados. Este artigo tem como objetivo sintetizar os principais traços característicos do transtorno, relacionando-os a substratos neurobiológicos e à sua implicação comportamental. Estudos sugerem que alterações na amígdala, no córtex pré-frontal ventromedial e nos sistemas dopaminérgicos de recompensa modulam a impulsividade emocional e a necessidade de validação externa. A compreensão desses mecanismos é fundamental para delinear estratégias de intervenção clínica e social.
Palavras-chave: transtorno de personalidade histriônico; regulação emocional; atenção; neuropsicologia; dramatização.
1. Introdução
Personalidades histriônicas sempre despertaram interesse clínico e social devido à teatralidade e à intensa busca por reconhecimento. Na classificação psiquiátrica contemporânea (DSM-5), o TPH pertence ao Grupo B dos transtornos de personalidade, ao lado do borderline, antissocial e narcisista. A questão central que o caracteriza é a necessidade contínua de atenção e aprovação, sustentada por uma emocionalidade instável e superficial.
2. Traços característicos do TPH
1. Busca incessante por atenção
• O sujeito precisa ocupar a centralidade da interação social.
• Qualquer situação de anonimato pode gerar ansiedade ou reações dramatizadas.
2. Emoções intensas e superficiais
• A afetividade é instável, mudando rapidamente conforme o contexto.
• As expressões emocionais são amplificadas, mas não se mantêm consistentes.
3. Comportamento sedutor e provocativo
• A aparência física ou atitudes insinuantes são usadas como ferramentas de validação.
• A sedução pode ocorrer em contextos sociais inadequados, inclusive profissionais.
4. Discurso impressionista e pouco detalhado
• Narrativas carregadas de emoção, mas pobres em conteúdo objetivo.
• Uso de linguagem que visa mais persuadir ou impressionar do que informar.
5. Sugestionabilidade
• Alta permeabilidade a influências externas.
• O sujeito adapta opiniões e posturas para agradar ou manter atenção.
6. Dificuldade em lidar com frustração
• Irritabilidade ou tristeza diante da perda de protagonismo.
• Reações desproporcionais a rejeição ou desatenção.
7. Autocentramento e teatralidade
• Tendência a exagerar experiências pessoais.
• Construção de narrativas que reforçam protagonismo.
8. Supervalorização da estética
• Forte investimento em aparência e estilo.
• Autoimagem dependente da validação externa.
3. Neurobiologia do Transtorno
Pesquisas em neurociência da personalidade sugerem correlações entre o TPH e padrões de funcionamento cerebral:
• Amígdala: hiperreatividade emocional, especialmente em contextos sociais.
• Córtex pré-frontal ventromedial: redução da modulação inibitória sobre impulsos emocionais, favorecendo dramatização.
• Sistema dopaminérgico de recompensa: reforço da busca por estímulos sociais e validação, tornando a atenção alheia um “recompensador primário” .
Essa tríade explica a oscilação emocional, a necessidade de protagonismo e a vulnerabilidade à rejeição.
4. Discussão
O TPH não deve ser interpretado apenas como exagero comportamental, mas como expressão de um desequilíbrio entre circuitos de recompensa e regulação emocional. A teatralidade e a superficialidade afetiva são respostas adaptativas mal calibradas, derivadas de uma busca compulsiva por aprovação social.
5. Conclusão
Os traços mais comuns do Transtorno de Personalidade Histriônico refletem a integração entre vulnerabilidade neurobiológica e aprendizado social. A hiperreatividade da amígdala, combinada à baixa modulação pré-frontal, sustenta a necessidade de validação contínua e a dramatização emocional. A identificação precoce desses traços pode orientar intervenções psicoterapêuticas que visem fortalecer a regulação afetiva e reduzir a dependência da atenção externa.
Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014.
RODRIGUES, Fabiano de Abreu Agrela. Neurobiologia e Fundamentos da Inteligência DWRI. 2023.
GORIOUNOVA, N. A.; MANSVELDER, H. D. Genes, cells and brain areas of intelligence. Frontiers in Human Neuroscience, v. 13, p. 44, 2019. DOI: https://doi.org/10.3389/fnhum.2019.00044.
A Dramaticidade como Estrutura: Traços Neuropsicológicos do Transtorno de Personalidade Histriônico
studos sugerem que alterações na amígdala, no córtex pré-frontal ventromedial e nos sistemas dopaminérgicos de recompensa modulam a impulsividade emocional e a necessidade de validação externa.
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