Prevendo um pedófilo – É possível determinar biomarcadores do transtorno?

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Pesquisador(a):  

Dr. Fabiano de Abreu – O Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos e 15 livros.

Introdução

A pedofilia é uma disfunção sexual classificada no espectro dos transtornos parafílicos e incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental (5º edição, Associação Americana de Psiquiatria 2013), caracterizada por uma atração sexual persistente e recorrente de um adulto em relação a crianças pré-púberes, geralmente com idade inferior a 13 anos. Essa condição é definida pelo interesse sexual e fantasias envolvendo crianças, e em alguns casos, pela prática de atos sexuais com menores. 

A disfunção pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo fatores neurobiológicos, ambientais e psicossociais, cada vez mais estudos científicos têm sido desenvolvidos para compreender melhor as origens e o tratamento dessa condição complexa.

O cérebro de um pedófilo

O cérebro possui um papel central na determinação dos desejos sexuais humanos, influenciando a orientação sexual e a atração por diferentes parceiros, assim como as especificidades desse processo. Diversas regiões cerebrais estão envolvidas à disfunção da pedofilia, tornando extremamente complexo apontar uma, ou um seleto grupo de regiões, como as mais propensas a esse tipo de alteração.

Mas estudos neurocientíficos recentes ampliam o leque de conhecimentos que se tem sobre o assunto, indicando, por exemplo, que há um sistema de nutrição hiperativo no cérebro, responsável por gerar a atração ou excitação sexual por menores mesmo que fora de um contexto sexual, provocando um sistema sexual hiperativo. Todo esse processo estimularia especificamente determinadas áreas do cérebro, como a ínsula anterior, áreas pré-frontais dorsolaterais e o córtex motor suplementar.

Alguns estudos também relacionam comportamentos de hipersexualidade ou alterações nas preferências sexuais após lesões cerebrais ou determinadas condições, como disfunções hipotalâmicas geradas por gliomas infiltrantes na região mesencefálico-hipotalâmica, meningiomas suprasselares e epilepsia.

Os aspectos psicológicos também são importantes fatores para analisar mais profundamente fatores ligados à pedofilia. Já é possível traçar uma certa relação entre a incidência da pedofilia e de transtornos psiquiátricos comórbidos, como transtornos de ansiedade ou humor, antissocial, obsessivo-compulsivo, narcisista, entre outros.

Diagnóstico da pedofilia

Os métodos objetivos de diagnóstico da pedofilia ainda são bastante escassos atualmente, tornando-o basicamente um processo de análise clínica de sintomas e características associadas.

As chamadas escalas de Tanner, também conhecidos como cinco estágios de Tanner, são uma importante ferramenta para direcionar uma abordagem clínica para diagnóstico da pedofilia. A escala possui esquemas corporais divididos em estágios que acompanham o desenvolvimento humano, masculino e feminino, desde a fase pré-púbere à adulta. Ela é usada para medir a excitação sexual classificada de acordo com a escala de Tanner.

Biomarcadores para a pedofilia (?)

Apesar dos avanços nas pesquisas sobre pedofilia, a identificação precoce de predisposição a comportamentos pedófilos por meio de biomarcadores ainda não possui critérios sólidos estabelecidos. A pedofilia é uma condição altamente complexa e multifatorial, por isso, apesar de fornecerem um panorama importante, as informações fornecidas pela neurociência precisam ser analisadas em paralelo a fatores externos.

A falta de biomarcadores definitivos e de um quadro claro de predisposição dificulta a identificação precoce e o desenvolvimento de estratégias de prevenção mais direcionadas, por isso, é imperativo que sejam realizadas pesquisas adicionais, aprofundando a investigação desses fatores, bem como outros que foram pouco explorados até então, como os fatores genéticos, e buscando possíveis biomarcadores que possam auxiliar na identificação e no tratamento precoce de indivíduos com predisposição a comportamentos pedófilos, com o objetivo de mitigar potenciais danos à sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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