Há uma vontade intrínseca de conquista para ser notado, acompanhada de uma nostalgia por não ter alcançado o patamar desejado. Essa nostalgia atua como um catalisador da criatividade, pois esta necessita de emoções intensas, vontade e necessidade para emergir. Quando essas emoções se aprofundam, especialmente na forma de melancolia ou tristeza, criam o ambiente ideal para que a criatividade floresça. Esse processo exige uma colaboração dinâmica entre o córtex pré-frontal, que regula funções como planejamento, pensamento abstrato e tomada de decisões, e o hipocampo, que evoca memórias relevantes e associa experiências passadas ao contexto presente.
Além disso, outros fatores neurobiológicos entram em jogo. A criatividade é impulsionada pela ativação da rede de modo padrão (default mode network), responsável por conectar ideias de maneira não linear, e pelo equilíbrio entre a flexibilidade cognitiva e o foco. Emoções como a ansiedade moderada podem manter o cérebro em estado de alerta, favorecendo a inovação, enquanto a dopamina, liberada durante momentos de descoberta ou satisfação, reforça o circuito de recompensa, incentivando o fluxo criativo.
Quando a fama é atingida, as emoções que anteriormente alimentavam a criatividade se transformam. A sensação de conquista reduz a urgência emocional que impulsionava o processo criativo, e os desafios que antes exigiam soluções inovadoras deixam de ser tão prementes. Os problemas enfrentados nesse estágio são outros, muitas vezes mais ligados à gestão ou à manutenção do sucesso, e não demandam o mesmo tipo de esforço criativo profundo.
É importante lembrar que a criatividade humana evoluiu como uma resposta às dificuldades e às necessidades de adaptação. Em momentos de privação ou desafio, a mente busca soluções novas e inesperadas para sobreviver ou se destacar. Quando tais necessidades são resolvidas, o impulso criativo pode naturalmente diminuir, uma vez que não há mais o mesmo estímulo para explorar novos caminhos.