Só há uma maneira de saber se a pessoa é realmente superdotada
A superdotação se manifesta de diferentes formas, com perfis variados que podem incluir: desenvolvimento precoce em múltiplas áreas cognitivas, desenvolvimento gradual e contínuo ao longo da vida, e a interação complexa entre diferentes áreas cerebrais, com a possibilidade de algumas regiões compensarem ou complementarem outras.
O perfil precoce é caracterizado por um desenvolvimento acelerado desde os primeiros anos de vida, com marcos motores e cognitivos sendo atingidos antes do esperado. Crianças com esse perfil tendem a andar, falar e desenvolver habilidades de percepção e metacognição muito cedo, demonstrando um olhar analítico e observacional afiado desde a infância. Este desenvolvimento é suportado por circuitos neurais que se formam rapidamente, possivelmente influenciados por fatores genéticos e neurobiológicos que facilitam essa precocidade.
O desenvolvimento gradativo envolve a expressão tardia de genes relacionados ao QI, que promovem um crescimento cognitivo contínuo ao longo da vida, em vez de uma estabilização precoce. Isso sugere que, para algumas pessoas, o aumento nas capacidades cognitivas pode ser prolongado, com a neuroplasticidade mantendo um papel importante na adaptação e no crescimento intelectual. O ritmo e a duração desse desenvolvimento dependem tanto de fatores genômicos quanto do ambiente em que o indivíduo está inserido.
O sistema compensatório refere-se à capacidade do cérebro, especialmente da região frontal, de compensar déficits em outras áreas cognitivas, como atraso de linguagem ou coordenação motora fina. Em condições como autismo, dislexia ou hipoxia, o cérebro pode reorganizar suas redes neurais, permitindo que algumas crianças desenvolvam habilidades cognitivas superiores, apesar de déficits em outras áreas. No entanto, nem todos os indivíduos com essas condições apresentarão superdotação, uma vez que a predisposição genética e a resposta adaptativa cerebral variam amplamente entre os indivíduos.
A avaliação da superdotação envolve testes padronizados de QI, como o WAIS, Cattell, Binet e o WISC (para crianças), que são considerados o padrão ouro nesse tipo de análise. Além disso, para uma compreensão mais completa das habilidades intelectuais, é essencial avaliar a inteligência emocional, social, criatividade, e características da personalidade, além de considerar possíveis transtornos que possam influenciar o desempenho cognitivo.