Crianças com superdotação profunda (QI acima de 146 pontos) apresentam processos de pensamento singulares, distintos daqueles observados em crianças com superdotação moderada. Essa singularidade se manifesta em diversas áreas, como na percepção da complexidade, na busca pela precisão e na habilidade de raciocínio abstrato em idade precoce.
Uma característica notável é a tendência de enxergar o simples como complexo. Diante de perguntas aparentemente triviais, essas crianças podem apresentar respostas elaboradas e multifacetadas, refletindo um nível de análise e integração mais profundo do que o esperado. A necessidade de precisão também é marcante, com uma busca constante por respostas exatas e uma dificuldade em aceitar soluções “boas o suficiente”.
Ao mesmo tempo, o complexo pode se tornar simples para essas crianças, pois compreendem o material abstrato ao identificar o padrão subjacente. Uma vez dominado o conceito, a prática adicional torna-se desnecessária. Essa compreensão rápida e abrangente pode dificultar a explicação do processo de aprendizado para outras pessoas, como professores.
Além disso, crianças com superdotação profunda demonstram uma capacidade precoce de raciocinar abstratamente, categorizando dados e estabelecendo conexões lógicas entre diferentes tipos de informações. O pensamento metafórico e a compreensão de provérbios complexos também são observados em idades mais jovens do que em crianças com níveis moderados de superdotação.
Essas características cognitivas únicas, embora representem um grande potencial intelectual, também podem trazer desafios para essas crianças, como a dificuldade em se adaptar ao ritmo e às demandas do ensino tradicional. É fundamental que pais, educadores e profissionais da área da saúde compreendam essas diferenças e ofereçam o suporte necessário para que essas crianças possam desenvolver todo o seu potencial de forma saudável e feliz.
