Yoga como Abordagem Integrativa no Manejo da Artrite Reumatoide: Uma Perspectiva Atual

A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica e progressiva que impacta profundamente a qualidade de vida dos pacientes, causando dor, inflamação e rigidez articular, além de poder afetar diversos órgãos e sistemas. Apesar dos avanços nas opções terapêuticas convencionais, como medicamentos anti-inflamatórios, corticosteroides e drogas modificadoras do curso da doença (DMCDs), muitos pacientes continuam a sentir dor persistente, fadiga e limitação funcional. Essa lacuna terapêutica tem impulsionado a busca por abordagens complementares e integrativas. Nesse cenário, o yoga emerge como uma modalidade promissora, capaz de complementar o tratamento médico convencional, aliviando sintomas, melhorando a funcionalidade e promovendo o bem-estar emocional dos pacientes com AR.

O yoga, uma prática milenar originária da Índia, integra posturas físicas (asanas), técnicas de respiração (pranayamas) e meditação, buscando a união entre corpo, mente e espírito. Seus benefícios para a saúde física e mental são amplamente documentados. Estudos demonstram que o yoga pode reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão , melhorar a qualidade do sono , fortalecer o sistema imunológico , aumentar a flexibilidade e a força muscular , e aliviar a dor crônica.

No contexto da AR, o yoga atua em diversos níveis para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. As posturas físicas, quando adaptadas às necessidades individuais, podem aprimorar a flexibilidade articular, fortalecer os músculos ao redor das articulações, reduzir a dor e a rigidez, além de melhorar a postura e o equilíbrio. As técnicas de respiração auxiliam na redução do estresse, ansiedade e dor, promovendo relaxamento e melhorando a capacidade respiratória. A meditação, por sua vez, pode cultivar a atenção plena, reduzir o sofrimento emocional e promover o bem-estar psicológico.

Revisões sistemáticas e estudos randomizados controlados têm corroborado esses benefícios. Uma meta-análise avaliou os efeitos do yoga em pacientes com AR, demonstrando que a prática pode reduzir a dor, a rigidez e a fadiga, além de melhorar a função física e a qualidade de vida. Outro estudo revelou que um programa de yoga de seis semanas resultou em melhora significativa na dor, função física, fadiga e humor em pacientes com AR. Pacientes com AR também relataram que o yoga os ajudou a desenvolver maior consciência corporal, a lidar com a dor de forma mais eficaz e a se conectar com outros que compartilham experiências semelhantes.

É fundamental que a prática de yoga para pacientes com AR seja individualizada e supervisionada por um profissional qualificado. Adaptações nas posturas e técnicas são essenciais, considerando o grau de inflamação, a presença de dor, a amplitude de movimento articular e a capacidade física de cada paciente. Por exemplo, posturas que exijam flexão excessiva das articulações podem ser modificadas ou evitadas, e acessórios como blocos e cintos podem ser utilizados para tornar as posturas mais acessíveis. Técnicas de respiração e meditação também devem ser adaptadas às necessidades individuais.

Os relatos de caso analisados no presente estudo reforçam esses achados. Participantes com AR que praticam yoga regularmente relataram melhora na dor, rigidez, flexibilidade, força muscular, qualidade do sono e bem-estar emocional. Eles destacaram a importância do autoconhecimento, da escuta atenta ao corpo e da personalização da prática. Casos como o de Laura Terezinha Butzke, que conseguiu ajoelhar-se no chão após anos de prática, e Erika Siqueira, que descreveu o yoga como seu “principal remédio” e fonte de autoconhecimento e autorregulação, ilustram os benefícios percebidos.

Em conclusão, a pesquisa sugere que o yoga pode ser uma abordagem integrativa promissora para o manejo da artrite reumatoide, auxiliando no alívio dos sintomas, na melhora da funcionalidade e na promoção do bem-estar emocional. No entanto, é crucial que a prática seja individualizada, supervisionada por um profissional qualificado e vista como um complemento ao tratamento médico convencional, e não como uma cura. Futuras pesquisas, com amostras maiores e acompanhamento de longo prazo, são necessárias para aprofundar a compreensão dos mecanismos pelos quais o yoga atua na AR e para fornecer evidências mais robustas sobre seus benefícios.

Referência:

Kaiut, R. K. T., Rodrigues, F. de A. A., & Kaiut, F. (2025). Artrite Reumatoide: Uma Abordagem Integrativa Através da Perspectiva do Yoga. Ciencia Latina Revista Científica Multidisciplinar, 9(3), 8254–8268. https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v9i3.18445

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