O Transtorno de Personalidade Esquiva (AVPD) é uma condição crônica, caracterizada por evitação de interações sociais e sentimentos de inadequação, que gera sofrimento e incapacidade significativos. A prevalência do AVPD varia de 1,5% a 2,5%, embora algumas estimativas cheguem a 6,6% ou 9,3%. Apesar de sua prevalência, o transtorno é subdiagnosticado e pouco estudado, especialmente em comparação com o Transtorno de Ansiedade Social (TAS), seu “parente” diagnóstico mais próximo. A questão de saber se o AVPD é uma entidade diagnóstica distinta do TAS tem sido um tema de debate, mas há evidências que apoiam a manutenção do AVPD como uma categoria separada.
A comorbidade do AVPD com outros transtornos mentais é comum. É frequentemente associado à depressão e ao abuso de substâncias, e pode ser um preditor significativo de depressão crônica. Estudos em amostras clínicas mostram que o AVPD coexiste com o TAS em cerca de metade dos casos, mas em estudos populacionais, aproximadamente dois terços das pessoas com AVPD não preenchem os critérios para TAS. A comorbidade com outros transtornos de personalidade também é frequente, especialmente dentro do Cluster C, que inclui o Transtorno de Personalidade Dependente (TPD) e o Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (TPOC).
As causas do AVPD são multifatoriais e acredita-se que envolvam experiências na primeira infância, como pais que são menos afetuosos, mais rejeitadores e menos encorajadores. Estudos também associaram o AVPD a um histórico de negligência, abuso e superproteção. Em termos de estilo de apego, o AVPD está fortemente ligado a um estilo de apego “medroso”, que combina um desejo de intimidade com a desconfiança interpessoal e o medo de rejeição. O AVPD também compartilha alguns fatores de vulnerabilidade de temperamento com o TAS, como emotividade negativa (neuroticismo), inibição comportamental e timidez. A hipervigilância, que é uma estratégia de enfrentamento desenvolvida na infância em resposta a pais inconsistentes, pode se generalizar para outras situações sociais e contribuir para a evitação social no AVPD.
O tratamento do AVPD é uma área negligenciada da pesquisa. Embora a maioria dos ensaios controlados se concentre no TAS, há indícios de que as abordagens cognitivo-comportamentais são valiosas para aliviar os sintomas do AVPD. As recomendações de tratamento também incluem psicoterapia psicodinâmica, terapia do esquema e treinamento de habilidades sociais. A farmacoterapia, embora não seja extensivamente estudada especificamente para o AVPD, pode ser útil para a comorbidade, como a depressão. Uma abordagem de tratamento ideal deve ser abrangente e individualizada, levando em conta os sintomas, o funcionamento emocional e relacional, e as estratégias de enfrentamento do paciente.
Referência:
Lampe, L., & Malhi, G. S. (2018). Avoidant personality disorder: current insights. Psychology Research and Behavior Management, 11, 55–66. https://doi.org/10.2147/PRBM.S121073