Tratamentos para Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): Uma Análise Quantitativa das Tendências em Ensaios Clínicos

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais prevalentes e afeta aproximadamente 5% das crianças e adolescentes e 2,5% dos adultos globalmente. A fisiopatologia exata do TDAH ainda não é completamente compreendida, mas é frequentemente associada a anormalidades na regulação de neurotransmissores como a dopamina e a noradrenalina, que atuam em áreas cerebrais como o córtex pré-frontal, gânglios basais e cerebelo. Essas áreas cerebrais são cruciais para funções cognitivas como atenção, controle inibitório e memória de trabalho, que são comumente prejudicadas em pacientes com TDAH.

A pesquisa em tratamentos para TDAH tem crescido significativamente, com ensaios clínicos investigando uma ampla variedade de abordagens. Uma análise quantitativa de 695 estudos realizados entre 1999 e 2021, extraídos do banco de dados clinicaltrials.gov, revelou uma tendência notável. A maioria esmagadora das pesquisas, cerca de 80%, focou em terapias não farmacológicas, enquanto os tratamentos farmacológicos representaram aproximadamente 20% dos estudos.

Dentro da categoria farmacológica, os estimulantes do sistema nervoso central, como o metilfenidato e a lisdexanfetamina, continuam a ser a classe de medicamentos mais estudada e são considerados a primeira linha de tratamento para o TDAH. Outras classes de medicamentos, como inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina (por exemplo, atomoxetina) e agonistas do receptor adrenérgico alfa-2 (como a guanfacina), são considerados tratamentos de segunda linha e também são alvo de pesquisa. Além disso, antidepressivos e antipsicóticos atípicos têm sido investigados, mas ainda não foram aprovados pela FDA para o tratamento do TDAH. Curiosamente, a análise dos alvos de medicamentos revelou que os transportadores de monoaminas, como os transportadores de noradrenalina, dopamina e serotonina, são os alvos mais frequentes, o que está em consonância com a fisiopatologia do TDAH.

A pesquisa não farmacológica tem demonstrado um crescimento notável e uma diversidade ainda maior. As intervenções psicológicas dominam este campo, incluindo terapias de manejo comportamental (como treinamento parental e habilidades sociais), intervenções de treinamento cognitivo (como treinamento de memória de trabalho e atenção) e psicoeducação. Outras abordagens, classificadas como métodos complementares e alternativos, também estão ganhando atenção, como atividades físicas, meditação e hipnoterapia.

Dispositivos médicos, como a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) e a estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS), também estão sendo explorados como novas opções de tratamento. O sistema eTNS Monarch e o jogo EndeavorRx são exemplos notáveis, sendo os primeiros dispositivos aprovados pela FDA para tratar o TDAH em crianças. O sucesso dessas terapias não farmacológicas pode ser atribuído à sua capacidade de visar sintomas comportamentais específicos, serem inofensivas e adaptáveis às necessidades de desenvolvimento dos pacientes ao longo da vida.

Em resumo, o campo do tratamento do TDAH está se tornando cada vez mais diversificado, com uma forte e crescente ênfase em métodos não farmacológicos. Embora os estimulantes permaneçam como o tratamento de primeira linha, a pesquisa sugere que a combinação de medicamentos com terapias comportamentais pode ser a abordagem mais eficaz. A análise dos ensaios clínicos evidencia uma busca por opções de tratamento mais seguras, eficazes e personalizadas que visem não apenas a regulação de neurotransmissores, mas também o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e a melhoria da qualidade de vida a longo prazo para os indivíduos com TDAH.

Referência:

Nazarova, V. A., Sokolov, A. V., Chubarev, V. N., Tarasov, V. V., & Schiöth, H. B. (2022). Treatment of ADHD: Drugs, psychological therapies, devices, complementary and alternative methods as well as the trends in clinical trials. Frontiers in Pharmacology, 13, 1066988. doi: 10.3389/fphar.2022.1066988

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