A teoria da super-excitabilidade (OE), desenvolvida pelo psicólogo polonês Kazimierz Dabrowski, postula que indivíduos superdotados possuem respostas mais intensas e prolongadas a estímulos, em comparação com a população em geral. A teoria descreve cinco tipos de super-excitabilidade: psicomotora (POE), sensual (SOE), imaginacional (MOE), intelectual (TOE) e emocional (EOE). A super-excitabilidade intelectual, por exemplo, manifesta-se por uma busca incessante por conhecimento, questionamento profundo e pensamento simbólico. Já a emocional é marcada por grande intensidade de sentimentos e uma alta diferenciação nas relações interpessoais.
Embora a OE tenha sido amplamente usada para conceituar e compreender a superdotação, a evidência científica que sustenta a sua relação com a superdotação não era totalmente clara, o que motivou uma meta-análise para avaliar a força e existência desta relação.
A meta-análise, conduzida com 12 estudos que compararam amostras de indivíduos superdotados com não superdotados, revelou que as amostras de superdotados apresentaram pontuações médias de OE mais altas. No entanto, a força da relação variou entre os diferentes tipos de OE. Os resultados indicaram que as diferenças na super-excitabilidade intelectual (TOE) e imaginacional (MOE) foram consideradas de tamanho médio (ES=0,55 e ES=0,36, respectivamente). Por outro lado, as diferenças nas super-excitabilidades emocional (EOE) e sensual (SOE) foram consideradas pequenas (ES=0,19 e ES=0,22, respectivamente). A super-excitabilidade psicomotora (POE) não demonstrou uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ES=0,17).
O estudo, porém, reconhece importantes limitações e a existência de incertezas. Críticas sobre a validade psicométrica e teórica dos instrumentos de medição da OE, como o Overexcitability Questionnaire II (OEQ II), foram levantadas. Além disso, a validade do conceito de OE pode ser questionada devido à sua sobreposição com o modelo de personalidade Big Five. O artigo conclui que, embora os resultados sugiram uma relação positiva entre superdotação e OE, ainda há muitas questões em aberto, e a interpretação dos achados pode variar entre pesquisadores, dependendo de suas posições teóricas. A falta de dados de estudos não publicados e em outras línguas além do inglês também pode ter influenciado os resultados, tornando a análise mais conservadora.
Referência:
Winkler, D., & Voight, A. (2016). Giftedness and Overexcitability: Investigating the Relationship Using Meta-Analysis. Gifted Child Quarterly, 60(4), 243-257. DOI: 10.1177/0016986216657588

