O Potencial Terapêutico das Mídias Sociais: Estratégias Digitais para a Promoção da Consciência em Saúde Mental

O campo da saúde mental, crucial em todas as fases da vida, enfrenta o desafio substancial do estigma, que contribui significativamente para o fardo global da morbidade mental. Nesse contexto, as mídias sociais emergiram como um canal de comunicação de massa promissor e progressivo. Uma iniciativa eficaz para alcançar um vasto público em um curto período é a promoção da consciência em saúde mental através dessas plataformas digitais.

Eficácia da Intervenção Digital

Um estudo qualitativo foi conduzido ao longo de cinco meses (Maio a Setembro de 2019) para avaliar a utilidade das mídias sociais, especificamente Facebook e Instagram (plataformas comumente utilizadas por jovens adultos), na hospedagem de campanhas de promoção da saúde mental. As campanhas observadas focaram em distintas preocupações de saúde pública e empregaram variados modos de intervenção:

Buddies for Suicide Prevention: Um concurso online de quatro meses (Junho a Setembro de 2019) focado em “Ação para a prevenção do suicídio”, que incluiu competições de escrita de roteiro, slogan, produção de pôsteres e curtas-metragens. Esta campanha foi a que gerou o maior impacto entre o público , alcançando mais de 2000 pessoas e engajando mentes jovens e criativas.

#Iquitobacco: Uma campanha de 21 dias lançada na véspera do Dia Mundial Sem Tabaco de 2019, estruturada como um desafio de 21 tarefas para a cessação do tabagismo. Esta iniciativa alcançou mais de 200 pessoas e recebeu mais de cem impressões.

#Migrainethepainfultruth: Uma campanha interativa lançada na véspera do Dia Mundial do Cérebro em Julho de 2019, que utilizou sessões de quiz e enquetes para desmistificar conceitos sobre enxaqueca e compartilhar fatos. Esta campanha alcançou mais de 120 pessoas.

O Facebook foi identificado como a plataforma de melhor desempenho em comparação com o Instagram, com 3285 seguidores e 3205 “curtidas” na página de Educação em Saúde Mental. Os resultados indicaram que o uso das mídias sociais alcançou um total de cerca de 10,3 mil pessoas (fãs e não-fãs) após as campanhas. A página de Educação em Saúde Mental viu um aumento em seus seguidores, passando de 2000 no ano anterior para mais de 3000 após a adição das três campanhas. Os seguidores de ambas as páginas (Facebook e Instagram) são majoritariamente do grupo etário de 25-34 anos e predominantemente mulheres (71% no Instagram e 62% no Facebook).

Vantagens e Desafios

A utilização das mídias sociais para a promoção da saúde mental oferece vantagens notáveis, como a disponibilidade contínua de conteúdo (24 horas por dia, 7 dias por semana) e a sua natureza de baixo custo e alta escalabilidade em comparação com campanhas de mídia de massa. Além disso, permite o alcance de pessoas em áreas rurais, tornando a promoção da saúde mental mais viável e facilitando a aprendizagem sobre questões que afetam a saúde mental.

Entretanto, a eficácia é desafiada por questões como:

A dificuldade em avaliar mudanças comportamentais concretas, já que o resultado é frequentemente intangível.

A autenticidade e credibilidade dos dados publicados, pois a falta de filtros e a disseminação de informações não verificadas podem desorientar os usuários.

A vulnerabilidade e perda de privacidade dos respondentes, dado que as informações compartilhadas online são amplamente visíveis.

A baixa exigência de esforço e compromisso para participar de campanhas online, o que limita a avaliação de mudanças comportamentais.

Apesar dessas limitações, o estudo conclui que as plataformas de mídias sociais representam uma alternativa eficaz para a disseminação de informações e para alcançar um grande número de pessoas, resultando em uma tendência crescente na consciência em saúde mental. Para maximizar a eficácia, futuras campanhas devem ser interativas e desenvolvidas com uma base teórica sólida e um público-alvo claro.

Referência:

LATHA, K. et al. Effective use of social media platforms for promotion of mental health awareness. Journal of Education and Health Promotion, [S. l.], v. 9, p. 124, 28 maio 2020.

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