A ascensão das Mídias Sociais (MS), um vasto exemplo da Web 2.0 que engloba plataformas como Facebook, YouTube e TikTok , representa um campo novo e em constante evolução com implicações significativas para a Saúde Pública. O acesso crescente à Internet e às MS permite que a informação de saúde chegue à população de forma mais rápida e direta. Contudo, essa ferramenta de comunicação de massa apresenta uma influência mista, carregando tanto benefícios quanto sérios inconvenientes éticos, profissionais e sociais.
O Papel Otimista das Mídias Sociais na Saúde Pública
As plataformas de MS oferecem um vasto potencial para as campanhas de saúde pública. Elas permitem o contato com audiências consideravelmente grandes e a disseminação de mensagens a contatos pessoais, o que pode ser mais vantajoso que as táticas tradicionais de marketing em saúde. O envolvimento e a retenção de usuários são tipicamente altos em redes sociais online, em contraste com as intervenções convencionais baseadas na web.
O uso estratégico de MS abrange diversas áreas da saúde pública:
Vigilância de Doenças: As MS podem ser aproveitadas para a vigilância de saúde pública, permitindo a detecção de surtos de doenças (como gripe, doenças transmitidas por alimentos ou alertas de calor) mais rapidamente, utilizando informações geradas pelo usuário e em tempo real. Organizações como a Rede Global de Alerta e Resposta a Surtos da Organização Mundial da Saúde (OMS) já confiam em fontes web para atividades de vigilância atualizadas.
Promoção e Mudança Comportamental: As MS têm demonstrado eficácia na promoção de saúde, como o aumento da conscientização sobre a higiene menstrual, câncer de mama, técnicas de amamentação e segurança no trânsito. Também podem ser usadas em intervenções para modificação de comportamento, como na prevenção de consumo de risco de álcool e cannabis em jovens adultos.
Pesquisa em Saúde: Pesquisadores utilizam a plataforma para recrutar participantes, coletar dados através de mineração e análise de conteúdo de postagens, e aprimorar a distribuição de pesquisas de saúde pública, aumentando exponencialmente o alcance.
Comunicação e Relação Médico-Paciente: A MS facilita a comunicação acessível e recíproca entre profissionais de saúde e pacientes, o que pode beneficiar a prática médica atual. Pacientes utilizam as MS para pesquisar médicos e notícias médicas , e para o que é chamado de “cuidados de saúde peer-to-peer,” onde estão dispostos a compartilhar seu conhecimento, experiências e suporte.
Os Desafios Éticos, Legais e de Saúde Mental
Apesar das estratégias promissoras, as tecnologias Web 2.0 suscitam questões complexas relacionadas ao estabelecimento de confiança, adesão a regras e seleção do melhor conteúdo.
Desinformação e Desafios em Emergências: A natureza aberta da Internet permite que qualquer pessoa publique informações sobre qualquer tópico , o que pode levar à disseminação de informações falsas (desinformação), teorias da conspiração e ao aumento do risco de violência e estigma. Durante emergências de saúde pública, a MS atua como uma plataforma rápida para espalhar rumores e desinformação.
Privacidade do Paciente e Legalidade: A confidencialidade dos dados é uma preocupação, e postar informações de saúde identificáveis sem o consentimento do paciente pode violar a privacidade e questionar a profissão como um todo. O não cumprimento das diretrizes pode resultar em violações do HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act).
Saúde Mental: O uso excessivo de MS está associado a problemas de saúde mental em adolescentes e adultos, incluindo Cyberbullying, ansiedade de não participar (FOMO), estresse, depressão e interrupção do sono. O uso problemático de MS é classificado como uma dependência comportamental.
Profissionalismo e Ética: A confiança é um pilar da medicina, e os médicos são responsáveis por usar o poder conferido pela confiança do paciente com boas intenções. Diretrizes, como as da AMA (American Medical Association) e da ACP-FSMB (American College of Physicians-Federations of State Medical Boards), recomendam que os profissionais de saúde mantenham limites profissionais e separem perfis pessoais de profissionais, mantendo a privacidade dos detalhes dos pacientes.
Conclusão
As MS são inegavelmente uma plataforma poderosa na era digital para o setor de saúde pública, com potencial para a vigilância de doenças, promoção de saúde e melhoria da relação médico-paciente. No entanto, é fundamental reconhecer e enfrentar ativamente as desvantagens, incluindo violações morais, éticas, legais e de privacidade. É necessário e ético focar em como podemos usar a MS e as demandas decorrentes, estabelecendo critérios e regulamentos adequados para garantir o seu crescimento contínuo e benéfico.
Referência:
KANCHAN, Sushim; GAIDHANE, Abhay. Social Media Role and Its Impact on Public Health: A Narrative Review. Cureus, v. 15, n. 1, e33737, 2023. DOI: 10.7759/cureus.33737.