A educação de adultos, em um cenário contemporâneo de transformações aceleradas, assume uma relevância sem precedentes. Diferentemente da educação infantil ou adolescente, a aprendizagem na idade adulta é influenciada por fatores como experiências prévias, motivações intrínsecas e particularidades neurocognitivas. A plasticidade cerebral persiste ao longo da vida, permitindo a aquisição contínua de novas habilidades e conhecimentos. Nesse contexto, metodologias ativas e a integração da inteligência artificial (IA) emergem como pilares para otimizar o processo de ensino e aprendizagem, sob uma perspectiva neurocientífica.
As metodologias ativas, ao promoverem o protagonismo do estudante, a participação ativa, a resolução de problemas e a construção colaborativa do conhecimento, alinham-se intrinsecamente com os princípios neurocientíficos da aprendizagem significativa e da consolidação de memórias. A mera transmissão passiva de informações mostra-se ineficaz diante da complexidade do cérebro adulto e suas demandas por engajamento e relevância. Essas abordagens estimulam o engajamento de redes neurais complexas, ativando áreas cerebrais associadas à resolução de problemas e à criatividade. A prática ativa de recuperação de informações da memória, por exemplo, fortalece as conexões sinápticas e melhora a retenção de longo prazo. A interação social, componente chave de muitas metodologias ativas, também tem um impacto neurobiológico positivo, facilitando a compreensão de diferentes perspectivas e a construção conjunta do conhecimento.
Paralelamente, a ascensão da inteligência artificial tem revolucionado a educação, oferecendo ferramentas para personalizar o processo de ensino e aprendizagem de formas sem precedentes. Sistemas de tutoria inteligente podem adaptar o conteúdo e o ritmo de aprendizagem às necessidades individuais, fornecendo feedback imediato e identificando lacunas no conhecimento. A IA, por meio de algoritmos de aprendizado de máquina, pode analisar o desempenho do aluno e recomendar percursos de aprendizagem otimizados, o que é particularmente relevante na educação de adultos devido à diversidade de ritmos e estilos cognitivos. Além disso, a IA pode auxiliar na criação de ambientes de aprendizagem imersivos e adaptativos, como a realidade virtual e aumentada, simulando cenários complexos para a prática de habilidades. A análise de grandes volumes de dados educacionais, conhecida como Learning Analytics, permite que educadores e instituições compreendam melhor o engajamento dos alunos, suas dificuldades e progressos, possibilitando intervenções mais direcionadas e eficazes.
A convergência da educação de adultos com metodologias ativas e inteligência artificial representa um campo fértil para a inovação pedagógica, criando ambientes de aprendizagem dinâmicos, engajadores e neurocientificamente informados. No entanto, a implementação da IA na educação de adultos não está isenta de desafios. Questões éticas, como a privacidade dos dados e o viés algorítmico, devem ser cuidadosamente consideradas. A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta para amplificar as capacidades humanas e não para substituí-las, mantendo o educador no centro do processo pedagógico. O papel do educador transforma-se em um curador de experiências de aprendizagem, designer de ambientes inovadores e mentor, liberando-o de tarefas repetitivas para focar no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e pensamento crítico, que são intrinsecamente humanos e que a IA não pode replicar.
A neurociência fornece o embasamento para compreender o “porquê” de certas abordagens serem mais eficazes na educação de adultos. Ao entender como o cérebro processa informações, forma memórias e responde a estímulos, é possível projetar intervenções pedagógicas mais alinhadas com sua arquitetura e funcionamento, maximizando o potencial de aprendizado em todas as fases da vida adulta. A simbiose entre a educação de adultos, metodologias ativas e inteligência artificial, informada pelas neurociências, representa uma nova fronteira para a educação, promovendo a autonomia do aprendiz e otimizando os resultados educacionais.
Referência:
Rodrigues, F. de A. A., & Silva, A. P. da. (2025). Educação de Adultos, Metodologias Ativas e Inteligência Artificial no Processo de Ensino e Aprendizagem: Uma Perspectiva Neurocientífica. I+D Internacional – Revista Científica y Académica, 4(1), 162–170. https://doi.org/10.63636/3078-1639.v4.n1.36