A análise da evolução dos sistemas de informação revela uma transição paradigmática, onde a própria tessitura da vida social e pessoal se torna o objeto central da computação. O trabalho de Alaimo e Kallinikos (2017) aborda de forma crítica esta convergência, introduzindo o conceito da “computação do cotidiano” (computing the everyday) e posicionando as mídias sociais na arquitetura do conhecimento contemporâneo.
Mídias Sociais como Infraestruturas de Dados
A tese central desta investigação reside na redefinição funcional das mídias sociais, que transcendem o papel de meras ferramentas de comunicação para se estabelecerem como “plataformas de dados” (data platforms). Esta conceptualização enfatiza a infraestrutura subjacente que permite a captura, agregação e estruturação sistemática de rastros comportamentais e interacionais dos utilizadores. A emergência destas plataformas como coletores ubíquos de dados representa a operacionalização da computação do cotidiano: um processo tecnologicamente mediado onde as atividades diárias, historicamente não estruturadas ou efêmeras, são transformadas em unidades de informação calculáveis.
A função primária das plataformas de dados é, portanto, a dataficação em larga escala da experiência humana. Ao converterem a complexidade do dia a dia em datasets quantificáveis, estas plataformas facilitam novos regimes de exploração algorítmica e modelagem preditiva do comportamento social. O resultado é a interpenetração do digital e do social, onde a infraestrutura computacional se torna parte integrante da vida social, conforme articulado no periódico The Information Society.
Referência:
ALAIMO, Cristina; KALLINIKOS, Jannis. Computing the everyday: social media as data platforms. The Information Society, [S.l.], v. 33, n. 4, p. 175-191, 2017. DOI: 10.1080/01972243.2017.1318327.

