Universidade de Aveiro, Portugal – Um estudo inovador conduzido pela Universidade de Aveiro desafia a compreensão tradicional da água, sugerindo que não é um, mas dois líquidos entrelaçados. Esta descoberta abre novas possibilidades para a dessalinização da água do mar, um avanço que poderia transformar a maneira como acessamos água potável.
Utilizando técnicas pioneiras, a equipe liderada por Luís Carlos e incluindo Fernando Maturi, Ramon Filho, e Carlos Brites, recorreu a nanopartículas emissoras de luz para analisar o movimento das moléculas de água. “Abaixo dos 45 ºC, detectamos uma alternância entre estados líquidos de baixa e alta densidade (LDL e HDL), que influenciam a velocidade das nanopartículas,” explica Luís Carlos, parte da equipe do Departamento de Física e do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO).
A pesquisa mostra que o LDL é 20% menos denso que o HDL. Este fenômeno não só muda nossa compreensão da água como também sugere uma abordagem mais eficiente para a dessalinização. “A manipulação dessas duas formas pode nos ajudar a remover o sal da água do mar com mais eficiência,” antecipa Luís Carlos.
Este estudo traz à tona uma teoria proposta há mais de um século pelo físico alemão Wilhelm Röntgen, ganhador do primeiro Prémio Nobel da Física. “Embora esta ideia de duas formas de água coexistindo a temperaturas baixas fosse conhecida, comprovar isso à temperatura ambiente foi um desafio,” acrescenta o investigador.
A equipe de Aveiro colaborou também com a Universidade de Singapura e o Harvey Mudd College nos Estados Unidos, refletindo um esforço internacional em entender melhor os segredos da água.
Este estudo não é apenas um marco científico, mas também um possível catalisador para inovações em tecnologias de água, potencialmente beneficiando regiões ao redor do mundo afetadas pela escassez de água.