O debate sobre se revistas científicas deveriam cobrar por publicação é complexo e envolve vários pontos de vista:
A Favor do Custo de Publicação:
Sustentabilidade: Alguns argumentam que as taxas de publicação ajudam a manter a qualidade e a sustentabilidade das operações das revistas, incluindo a revisão por pares, edição, hospedagem online e disseminação do conhecimento científico.
Acesso Aberto: Modelos de acesso aberto (Open Access) onde os autores pagam para tornar seus artigos disponíveis gratuitamente para o público podem aumentar a visibilidade e o impacto da pesquisa. No entanto, isso implica que os custos de publicação são transferidos dos leitores para os autores ou suas instituições.
Contra o Custo de Publicação:
Barreiras ao Conhecimento: Cobrar por publicação pode limitar o acesso à pesquisa para aqueles que não podem pagar, seja como autores ou leitores, especialmente em países em desenvolvimento ou para pesquisadores independentes.
Desigualdade: Pode haver uma desigualdade inerente onde apenas instituições com mais recursos podem suportar os custos, potencialmente afetando a diversidade de vozes na ciência.
Revistas Caras Costumam Ser Predatórias?
Revistas Predatórias:
Definição: Revistas predatórias são aquelas que exploram o sistema de publicação científica, muitas vezes cobrando taxas exorbitantes por publicação sem fornecer serviços de revisão por pares rigorosos ou outros benefícios reais para a comunidade científica.
Indicadores: Preço alto não é automaticamente um indicativo de predação, mas, frequentemente, revistas predatórias:
Cobram taxas de publicação muito altas sem transparência sobre o que essas taxas cobrem.
Têm processos de revisão questionáveis ou inexistentes.
Enviam spams solicitando submissões de artigos.
Prometem publicação rápida sem consideração pela qualidade.
Não têm uma lista clara de editores ou conselho editorial, ou têm listas de editores que não estão envolvidos ativamente.
Revistas Legítimas Caras:
Existem revistas legítimas que cobram taxas elevadas por diversos motivos, como a manutenção de qualidade, o custo de impressão de edições físicas, ou a garantia de ampla distribuição. No entanto, essas revistas geralmente têm: Processos de revisão por pares bem estabelecidos.
Transparência sobre taxas e serviços oferecidos.
Reputação e impacto reconhecidos na comunidade científica.
Conclusão:
Revistas científicas cobrando por publicação não são intrinsecamente problemáticas; o problema surge quando o valor pago não corresponde ao serviço prestado ou quando essas taxas são usadas para explorar autores. A chave para distinguir entre revistas legítimas e predatórias está na transparência, qualidade do processo de revisão, e o valor agregado à pesquisa publicada. Pesquisadores devem estar atentos e usar listas como a de Beall (embora agora descontinuada, inspirou muitos outros recursos semelhantes) ou ferramentas como o Directory of Open Access Journals (DOAJ) para identificar revistas confiáveis.