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Neurociências e o pedido de favores: Explorações sobre comportamento e estruturas cerebrais

Estudos indicam que regiões específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC) e a junção temporoparietal (TPJ), desempenham papéis cruciais na regulação do comportamento social e na tomada de decisões relacionadas à reciprocidade.

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A tendência de algumas pessoas pedirem favores enquanto outras evitam pode ser compreendida através de uma análise detalhada das diferenças neuroanatômicas e dos neurotransmissores envolvidos. Estudos indicam que regiões específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC) e a junção temporoparietal (TPJ), desempenham papéis cruciais na regulação do comportamento social e na tomada de decisões relacionadas à reciprocidade. Por exemplo, Gao et al. (2020) descobriram que indivíduos que interpretam favores como altruístas, ao invés de estratégicos, ativam mais frequentemente o DLPFC, associado ao processamento de decisões complexas e à antecipação de obrigações futuras.

Referência: Gao, X., et al. (2020). The hidden cost of receiving favors: A theory of indebtedness. bioRxiv. https://doi.org/10.1101/2020.02.03.926295

Influência dos Neurotransmissores
Os neurotransmissores, como a oxitocina e a dopamina, também influenciam a propensão a pedir ou a evitar favores. A oxitocina, conhecida por seu papel na promoção de comportamentos pró-sociais e na formação de vínculos, pode aumentar a disposição de um indivíduo em pedir ajuda ao promover sentimentos de confiança e empatia. Em contrapartida, níveis elevados de dopamina, que estão associados à busca de recompensas e à regulação do humor, podem incentivar comportamentos mais independentes, diminuindo a necessidade percebida de solicitar favores (Gao et al., 2020).

Referência: Gao, X., et al. (2020). The hidden cost of receiving favors: A theory of indebtedness. bioRxiv. https://doi.org/10.1101/2020.02.03.926295

Aspectos Genéticos e SNPs
Fatores genéticos também contribuem para essas diferenças comportamentais. Polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) em genes que codificam receptores de neurotransmissores, como o gene OXTR, que codifica o receptor de oxitocina, podem influenciar a tendência de um indivíduo a buscar ajuda. Variantes específicas desse gene têm sido associadas a diferenças na empatia e na disposição para comportamentos de busca de ajuda. Esses achados sugerem que predisposições genéticas modulam como os indivíduos percebem e respondem a situações sociais envolvendo pedidos de favores (Li et al., 2015).

Referência: Li, H., et al. (2015). Neuroanatomical differences between men and women in help-seeking coping strategy. Scientific Reports, 5, 5700. https://doi.org/10.1038/SREP05700

Temperamento e Personalidade
O temperamento e a personalidade também desempenham papéis significativos. Pessoas com altos níveis de neuroticismo podem ter uma menor tendência a pedir favores devido ao medo de rejeição ou de parecer incompetentes, enquanto indivíduos com traços de extroversão podem ser mais propensos a buscar ajuda devido à sua natureza sociável e à tendência de ver a solicitação de ajuda como uma forma de fortalecer vínculos sociais (Imai & Dailey, 2016).

Referência: Imai, T., & Dailey, R. M. (2016). Influences of Mental Illness Stigma on Perceptions of and Responses to Requests for Favors. Health Communication, 31(8), 927-935. https://doi.org/10.1080/10410236.2015.1012630

Contexto Social e Cultural
Finalmente, o contexto social e cultural molda significativamente esses comportamentos. Culturas coletivistas, que valorizam a harmonia do grupo e a interdependência, podem ver a solicitação de favores de maneira mais positiva, enquanto culturas individualistas podem valorizar a independência e autossuficiência, desencorajando a busca de ajuda. Estudos mostram que as normas culturais influenciam a percepção e a resposta aos pedidos de ajuda, com impactos diferentes na disposição de pedir favores (Niiya, 2016).

Referência: Niiya, Y. (2016). Does a Favor Request Increase Liking Toward the Requester. Journal of Social Psychology, 156(6), 598-607. https://doi.org/10.1080/00224545.2015.1095706

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