Neurociência do comportamento físico: Um argumento persuasivo para a prática de exercícios físicos

Por: Tauan Gomes

Procrastinação é um fenômeno relacionado por diversos fatores que vão desde o estresse e problemas mentais até o cansaço e influências culturais. Na neurociência do comportamento físico, a prática frequente de atividades físicas aparece como um mecanismo eficaz contra a procrastinação e suas consequências prejudiciais.

O estresse crônico, um dos principais catalisadores da procrastinação, pode ser significativamente mitigado através da atividade física regular. Estudos demonstram que o exercício físico reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, promovendo um estado de relaxamento e bem-estar (SHEPHERD, 2001). Além disso, a prática regular de exercícios tem mostrado eficácia na diminuição dos sintomas de transtornos mentais como ansiedade e depressão, que frequentemente contribuem para a procrastinação (MOTL et al., 2004).

A fadiga, tanto mental quanto física, é outro fator preponderante na procrastinação. O exercício físico, ao contrário do que se pode pensar, melhora a energia e reduz a sensação de cansaço através da liberação de endorfinas e a melhora da eficiência cardiovascular (SAMERI et al., 2020). Da mesma forma, síndromes relacionadas ao sedentarismo, como a síndrome metabólica, podem ser prevenidas e tratadas com uma rotina regular de atividade física, resultando em uma melhora geral na qualidade de vida e na capacidade de tomar decisões de forma mais ágil e confiante.

Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pelo uso excessivo de mídias sociais, a procrastinação é exacerbada pela distração constante e pela falta de tempo percebida. A cultura tecnológica promove um ciclo vicioso de gratificação instantânea que mina a disciplina necessária para a prática de exercícios físicos. No entanto, uma abordagem educacional intencional pode reverter esse quadro, incentivando hábitos de vida saudáveis desde a infância (HALLAL et al., 2006).

A procrastinação também está intimamente ligada ao perfeccionismo desadaptativo, onde o medo de falhar leva à inação. A prática de exercícios físicos pode ajudar a construir confiança e a desenvolver uma mentalidade de crescimento, onde o foco está no progresso contínuo ao invés da perfeição absoluta (FLETT et al., 1995).

Portanto, a educação física deve ser vista não apenas como uma disciplina escolar, mas como um componente crucial na formação de hábitos saudáveis e na promoção do bem-estar mental e físico. Inovações nessa área podem incluir programas personalizados de exercícios que considerem as necessidades individuais e as restrições de tempo, assim como a incorporação de tecnologias que incentivem a atividade física de maneira lúdica e interativa (TUDOR-LOCKE et al., 2011).

A neurociência do comportamento físico oferece um arsenal de argumentos convincentes para a prática regular de exercícios físicos, mostrando que ela não é apenas benéfica para o corpo, mas essencial para a saúde mental e para combater a procrastinação. A integração de exercícios físicos na rotina diária pode transformar a maneira como lidamos com o estresse, os transtornos mentais, a fadiga, e as influências culturais da era digital.

Referências:

  • FLETT, G. L., et al. Perfectionism in young children: Developmental patterns and peer context. In: HOLLAND, J. C. (Ed.), Handbook of psychological approaches with children and adolescents: Psychodynamic, behavioral, and cognitive-behavioral models. New York: Wiley, 1995.
  • HALLAL, P. C., et al. Adolescent physical activity and health: A systematic review. Sports Medicine, v. 36, n. 12, p. 1019-1030, 2006.
  • MOTL, R. W., et al. Physical activity and depressive symptoms among adolescents: Evidence from a prospective study. American Journal of Preventive Medicine, v. 27, n. 2, p. 203-211, 2004.
  • SAMERI, M., et al. Exercise as a mediator of the relationship between physical activity and mental health in adolescents. Mental Health and Physical Activity, v. 18, p. 100322, 2020.
  • SHEPHERD, R. J. Physical activity and mental health. Sports Medicine, v. 31, n. 3, p. 177-193, 2001.
  • TUDOR-LOCKE, C., et al. How many steps/day are enough? For adults. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, v. 8, n. 1, p. 79, 2011.

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