Indivíduos superdotados, devido à sua alta sensibilidade emocional e intensidade cognitiva, podem enfrentar desafios únicos relacionados à necessidade de chamar a atenção, especialmente em momentos de depressão momentânea e de forte impacto emocional. Estudos indicam que superdotados frequentemente experimentam intensas oscilações emocionais, e a profundidade de suas reações emocionais pode amplificar o impacto de frustrações e experiências de rejeição social, levando a sentimentos de isolamento e desespero emocional (Cross & Cross, 2015). Essa sensibilidade exacerbada muitas vezes está relacionada à necessidade de serem reconhecidos por suas habilidades e, quando essa validação externa é ausente, pode gerar respostas emocionais intensas.
Neurobiologicamente, o processamento emocional em superdotados pode ser alterado, especialmente em momentos de crises emocionais ou depressão. O córtex pré-frontal, responsável pelo controle inibitório e pela regulação das respostas emocionais, pode ter sua conectividade reduzida com o sistema límbico, particularmente com a amígdala, que processa respostas a estímulos emocionais negativos. Em situações de depressão momentânea, essa disfunção na comunicação entre o córtex pré-frontal e a amígdala pode resultar em uma exacerbação de comportamentos impulsivos, como a busca exagerada por atenção como forma de aliviar a dor emocional (Keller et al., 2019).
Os superdotados, em especial, tendem a enfrentar maiores desafios devido à sua intensa autoconsciência e consciência social, o que pode aumentar a vulnerabilidade à rejeição e às expectativas não atendidas. Essa combinação de alta sensibilidade e oscilação emocional, muitas vezes agravada pela ausência de apoio social adequado, pode levar a estados depressivos temporários, nos quais a necessidade de atenção se intensifica como uma estratégia compensatória para lidar com sentimentos de inadequação ou isolamento (Peterson, 2015).
Além disso, há evidências de que esses indivíduos podem experimentar um viés atencional para estímulos negativos durante momentos de depressão, o que intensifica a ruminação e o foco em falhas percebidas, exacerbando a necessidade de validação externa. Essa vulnerabilidade emocional pode aumentar o risco de comportamentos impulsivos e até mesmo pensamentos suicidas em momentos de maior estresse emocional ou crises depressivas (Unruh et al., 2018).
Referências
CROSS, J.; CROSS, T. L. Clinical and Mental Health Issues in Counseling the Gifted Individual. Journal of Counseling and Development, 2015.
KELLER, A. et al. Paying attention to attention in depression. Translational Psychiatry, 2019.
PETERSON, J. School Counselors and Gifted Kids: Respecting Both Cognitive and Affective. Journal of Counseling and Development, 2015.
UNRUH, K. et al. Adults with Autism and Adults with Depression Show Similar Attentional Biases to Social-Affective Images. Journal of Autism and Developmental Disorders, 2018.