Ligação da primeira filha mulher com o pai: Identidade, características paternas e fatores genéticos

A relação entre a primeira filha mulher e o pai é um tema amplamente estudado nas áreas da ciência comportamental, psicologia do desenvolvimento e genética. Estudos indicam que a primeira filha pode desenvolver uma identificação intensa com o pai, incorporando muitas de suas características, tanto comportamentais quanto genéticas. Essa dinâmica de identificação é observada independentemente do estado civil dos pais, seja em famílias nucleares ou em contextos de pais separados.

Keller e Zach (2002) investigaram o comportamento parental com base no gênero e ordem de nascimento, revelando que os pais tendem a preferir interações face a face com suas filhas, especialmente em ambientes onde ambos os pais estão presentes. Este comportamento paterno sugere uma predisposição dos pais para se envolverem mais diretamente com as filhas, facilitando a transmissão de características comportamentais e de personalidade do pai para a filha. Adicionalmente, Rosenberg e Hyde (1993) mostraram que os pais expressam mais afeto e investem emocionalmente mais nas filhas do que nos filhos, reforçando ainda mais a identificação da primeira filha com o pai. Este fenômeno é fundamental para a formação da identidade da filha, influenciando suas atitudes, comportamentos e até mesmo suas preferências políticas, como observado por Sharrow et al. (2018), que demonstraram que pais de primeiras filhas são mais propensos a apoiar políticas de igualdade de gênero.

Além dos aspectos comportamentais, a ligação entre a primeira filha e o pai inclui componentes genéticos significativos. Stafford (1961) explorou correlações parentais de traços psicológicos, especialmente em habilidades de visualização espacial, e encontrou evidências de herança ligada ao sexo. Este estudo demonstrou que filhas tendem a herdar certas habilidades de visualização espacial de seus pais, devido à transmissão de genes localizados no cromossomo X, que as filhas recebem dos pais, enquanto os filhos recebem o cromossomo Y. A pesquisa de Bender (2013) sobre identidades sociais das mulheres na Florença do século XV sugere que a identidade das filhas era fortemente associada aos pais, mesmo em contextos de mudanças frequentes de estado civil e guarda legal. Esta ligação patrilinear identificava permanentemente as mulheres com suas famílias natais, refletindo uma ligação duradoura e prática com seus pais. Olivetti e Paserman (2013) focaram na mobilidade intergeracional nos Estados Unidos, destacando que as filhas primogênitas apresentavam tendências econômicas e sociais semelhantes às de seus pais, reforçando a ideia de uma ligação socioeconômica forte que pode ser parcialmente atribuída à transmissão genética e influências comportamentais diretas.

Em suma, a primeira filha mulher tende a estabelecer uma forte ligação com o pai, absorvendo muitas de suas características através de fatores comportamentais e genéticos. A atenção e afeto diferenciados dispensados pelos pais às filhas primogênitas podem potencializar essa ligação, impactando significativamente sua identidade e características pessoais. Esta relação influencia não só o desenvolvimento pessoal e emocional das filhas, mas também suas interações sociais e visões de mundo.

Referências

Keller, H., & Zach, U. (2002). Gender and birth order as determinants of parental behaviour. International Journal of Behavioral Development, 26(2), 177-187. doi:10.1080/01650250042000663.

Rosenberg, B. G., & Hyde, J. S. (1993). Differential socialization of only and first-born children. Paper presented at the Society for Research in Child Development meetings, New Orleans, Louisiana.

Sharrow, E. A., Rhodes, J. H., Nteta, T. M., & Greenlee, J. S. (2018). The first-daughter effect: The impact of fathering daughters on men’s preferences for gender-equality policies. Public Opinion Quarterly, 82(3), 493-523. doi:10.1093/poq/nfy037.

Stafford, R. E. (1961). Sex differences in spatial visualization as evidence of sex-linked inheritance. Perceptual and Motor Skills, 13(3), 428-432. doi:10.2466/PMS.1961.13.3.428.

Bender, T. (2013). Their Fathers’ Daughters: Women’s Social Identities in Fifteenth-century Florence. Journal of Family History, 38(3), 285-306. doi:10.1177/0363199013491209.

Olivetti, C., & Paserman, M. D. (2013). In the Name of the Son (and the Daughter): Intergenerational Mobility in the United States, 1850-1930. National Bureau of Economic Research.

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