O estudo de O’Shea et al. (2024) investigou a origem e reprogramação de astrócitos reativos que se formam em torno de lesões no sistema nervoso central (SNC) após lesão da medula espinhal (LME) ou acidente vascular cerebral (AVC) em camundongos. Os autores descobriram que a maioria desses astrócitos reativos, que formam uma borda protetora em torno da lesão, é derivada de astrócitos locais maduros que passam por um processo de desdiferenciação, proliferação e reprogramação transcricional.
Essa reprogramação transcricional envolve a diminuição da expressão de moléculas associadas à interação com neurônios e um aumento na expressão de moléculas relacionadas à cicatrização de feridas, defesa microbiana e interação com células do tecido conjuntivo e do sistema imunológico. Os astrócitos reparadores de feridas resultantes compartilham características morfológicas e transcricionais com os astrócitos da glia limitans perivascular, que formam uma barreira protetora ao redor do SNC saudável.
Em suma, este estudo aprofunda a compreensão sobre a resposta dos astrócitos a lesões no SNC, com implicações importantes para o desenvolvimento de terapias direcionadas para a recuperação após LME e AVC. A descoberta de que os astrócitos reativos são derivados principalmente de astrócitos locais maduros e a identificação de suas características transcricionais únicas abrem novas perspectivas para intervenções terapêuticas que visem modular a resposta dos astrócitos a lesões, promovendo a reparação e a recuperação funcional do SNC.
Referência:
O’SHEA, Timothy M. et al. Derivation and transcriptional reprogramming of border-forming wound repair astrocytes after spinal cord injury or stroke in mice. Nature Neuroscience, v. 27, p. 1562-1575, 2024.