Comportamentos de Camuflagem nos Superdotados adultos: Um Desafio de Adaptação Social

© Mimi Thian na Unsplash

A superdotação traz uma capacidade intelectual elevada, mas também apresenta desafios, especialmente no campo das interações sociais. Indivíduos superdotados muitas vezes sentem uma desconexão em relação às pessoas ao seu redor, o que os leva a adotar comportamentos de camuflagem para se adaptar melhor ao meio. Esse esforço para se encaixar pode ser difícil e até prejudicial ao seu bem-estar emocional. Vou abordar dois exemplos que ilustram como isso ocorre no cotidiano dessas pessoas.

A Imitação Comportamental

Uma das formas mais comuns de adaptação que os superdotados utilizam é a imitação dos comportamentos de seus pares. Um superdotado mais sério ou introspectivo, por exemplo, pode começar a copiar os comportamentos de seus amigos para se sentir mais integrado. Por meio dos neurônios-espelho, ele consegue reproduzir gestos e atitudes que observa, criando um comportamento que, muitas vezes, não corresponde ao seu verdadeiro jeito de ser.

Embora essa adaptação possa facilitar as interações sociais, ela gera um distanciamento do que o superdotado realmente é. Ao imitar comportamentos, ele pode acabar criando uma “máscara” que esconde sua verdadeira personalidade. Isso pode levar a uma sensação de desconforto e de não autenticidade, onde a pessoa se sente forçada a atuar de uma forma que não é natural para ela, apenas para ser aceita. Com o tempo, essa necessidade de se encaixar pode causar frustração e um desgaste emocional significativo.

O Aumento do Consumo de Álcool para Descontração

Outro comportamento comum é o aumento do consumo de álcool para se sentir mais à vontade em interações sociais. Muitos superdotados sentem que sua mente está constantemente funcionando a uma velocidade superior à dos outros, o que pode torná-los mais ansiosos ou desconfortáveis em situações sociais. O álcool, por ser uma substância desinibidora, permite que eles se sintam mais relaxados e sociáveis, facilitando a interação com as pessoas.

No entanto, essa estratégia tem seus riscos. O uso do álcool para se ajustar socialmente pode levar à dependência emocional da substância, tornando-a necessária para que a pessoa se sinta parte do grupo. Além disso, o uso constante de álcool esconde o problema real: a dificuldade de encontrar um ambiente em que o superdotado possa ser aceito sem precisar recorrer a esse tipo de “ajuda” externa.

O Impacto a Longo Prazo

Esses comportamentos de camuflagem são tentativas de adaptação social para superdotados, mas podem ter um impacto negativo a longo prazo. A necessidade constante de imitar comportamentos ou usar substâncias como o álcool para se sentir integrado pode levar ao esgotamento emocional. A verdadeira personalidade do indivíduo é colocada de lado, o que pode gerar problemas como depressão, ansiedade e uma sensação crescente de isolamento.

A solução para essas dificuldades está em promover ambientes onde a individualidade dos superdotados seja respeitada e valorizada, permitindo que eles possam se expressar sem a necessidade de esconder suas capacidades. Isso não só melhora o bem-estar emocional dessas pessoas, como também contribui para uma convivência mais saudável e enriquecedora para todos ao redor.

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