A pandemia de COVID-19 impactou significativamente a saúde mental dos estudantes, conforme apontado por diversas pesquisas recentes. O fechamento das escolas, o isolamento social e a incerteza gerada pela crise sanitária contribuíram para o aumento dos níveis de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental entre crianças e adolescentes (Hamilton; Gross, 2023).
No Brasil, o ensino remoto emergencial durante a pandemia aprofundou as desigualdades educacionais, especialmente no acesso à tecnologia e na qualidade do ensino. Estudantes de escolas públicas, em particular, enfrentaram dificuldades para acompanhar o aprendizado online, o que pode ter agravado o impacto na saúde mental (Feitosa et al., 2022).
A pesquisa de Netto et al. (2021) revela que a pandemia afetou não apenas os alunos, mas também os professores, que tiveram que se adaptar rapidamente ao ensino remoto e lidar com as demandas emocionais dos estudantes. O estudo canadense de Canadian Teachers’ Federation (2022) corrobora essa constatação, mostrando que os professores experimentaram níveis elevados de estresse e exaustão durante a pandemia.
Diante desse cenário, torna-se crucial o desenvolvimento de políticas e estratégias de apoio à saúde mental de estudantes e educadores. A formação de professores em saúde mental, a criação de espaços de escuta e acolhimento nas escolas e o investimento em recursos para o atendimento psicológico são algumas das medidas que podem contribuir para a promoção do bem-estar emocional da comunidade escolar (Correa; First, 2021).
Além disso, é fundamental que as escolas adotem uma abordagem integral da saúde mental, que leve em consideração os fatores sociais, econômicos e culturais que influenciam o bem-estar dos estudantes. A promoção de um ambiente escolar acolhedor, inclusivo e seguro, onde os alunos se sintam valorizados e respeitados, é essencial para a prevenção de problemas de saúde mental e para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais (Carvalho et al., 2022).
Em suma, a pandemia de COVID-19 evidenciou a importância da saúde mental na educação e a necessidade de ações efetivas para proteger e promover o bem-estar emocional de estudantes e educadores. A superação dos desafios impostos pela pandemia requer um esforço conjunto de toda a comunidade escolar, com o apoio de políticas públicas e investimentos em saúde mental.
Referência:
CARVALHO, E. L. et al. Saúde do adolescente na rede federal de ensino brasileira: uma metassíntese. Saúde em Debate, v. 46, n. supp. 3, p. 227-243, 2022.
CORREA, N.; FIRST, J. M. Examining the mental health impacts of COVID-19 on K-12 mental health. Journal of School Counseling, v. 19, n. 42, p. 1-26, 2021.
FEITOSA, W. P. B. et al. Educação em tempos de COVID-19: uma revisão sistemática sobre os impactos do isolamento social na qualidade do acesso à Educação Básica no Brasil. Revista de Psicologia, v. 16, p. 63, p. 492-514, 2022.
HAMILTON, L.; GROSS, B. Student mental health and well-being: a review of evidence and emerging solutions. CRPE, 2023.
NETTO, C. M. et al. Cenários da educação brasileira no contexto da pandemia da COVID-19: revisão sistemática de literatura. Teoria e Prática da Educação, v. 24, n. 3, p. 3-25, 2021.
CANADIAN TEACHERS’ FEDERATION. But at what cost? Teacher mental health and well-being during COVID-19 Pandemic. CTF, 2022.